As “patis” também
dançam!
As mulheres querem
cotidianamente dançar. Não importa o lugar. Seja na favela, seja na Padre
chagas. Isto é, se as mulheres estão em um lugar com musica, então pode apostar
que vão querer dançar. Dançar, dançando. Sem enganação. Não vale tirá-las para
dançar só com o intuito de pegá-las. Você até pode ter na dança um instrumento
de acesso, mas a dança tem que ser verdadeira por si só. Fui alguns domingos curtir o “Baile do Pita”
na “Faro” e a surpresa foi grande. A Faro fica no centro das badalações do
Moinhos de vento, quase na esquina da Padre chagas com Fernando Gomes (local em
que na antiga tinha um boteco chamado “Azteca”). Em meu primeiro domingo de
samba no meio das patis, houve quem debochasse: “jaymim não vai ser feliz na
patri chatas!”. E o deboche tinha lá suas razões. Sabidamente a galera e as
baladas daquela banda não são a banda mais louca da cidade. Em geral é uma
galera rica e bonita, mas que pelo vazio existencial constitutivo tem
dificuldade de se permitir práticas subjetivas de verdade. Entretanto, o
sambinha de domingo tem mostrado a sua condição agregadora. Com músicas boas e
uma vibração contagiante o baile do Pita vai colocando as cheirosas donzelas
para requebrarem as cadeiras. Elas dançam e se permitem lampejos de negritude
em meio as suas chapinhas loiras. Salve o samba! Salve Dudu, Rafinha e Thiagão
chanceler, responsáveis pela garantia do entusiasmo alheio de quem volti-e-meia
tem um sangue germânico gelado. Alguém
há de perguntar: e como ficam os playboys? E a realidade responde: parados!
Estanques como seus preconceitos. A dureza não permite que se deixem levar pela
malemolência do samba. Melhor para os aventureiros lado B da patri chatas, que
são convocados pelas cheirosas a tapar o furo bailarinico que os playbas não
conseguem preencher. Eis uma conclusão: na hora de sambar não adianta o crédito
do cartão se a dureza for mais forte que a emoção. Se elas dançam, nós, Barões
da Ralé, também dançamos. É uma questã de crasse!
Jayme C.
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