Minha
paixão da 8ª série (1996), meu dois mil e love (2009).
Na oitava série do
colégio Rosário, em 1996, aconteceram 3 fatos marcantes: a) vi o Grêmio ser
campeão brasileiro no Olímpico; b) fui convidado a me retirar do colégio e c)
me apaixonei por uma garota. Detalhe é que esse ano foi o primeiro ano de
Rosário para ela e para mim foi o último. Ela nem me deu bola durante todo
aquele ano. E tinha lá suas razões. Eu
estava com 13 anos e muito embora fosse um garoto fadigante, já tinha um
coração sensível aos desígnios do amor. Amores reais, amores inventados. Fui
embora do colégio e nunca mais vi a garota. Cruzei com ela na passarela da PUC
em 2002. Entretanto, ela não me viu nessa oportunidade. Até que em certa noite
no ano de dois mil e love (2009) nosso caminho novamente se cruzou. Aninha,
minha amada prima, convidou umas amigas para sair comigo e amigos. Uma das
garotas era ela. Eram exatos 13 anos depois de minha invenção amorosa.
Estávamos ali, na noite, entrando no Nega Frida. Ela estava linda, mais do que
antes, pois agora era uma mulher. Conversamos e dançamos muito. Eu me desculpei
pela chatice da adolescência. Ela disse que estava tudo de boa. E quando
dançamos senti uma abertura da parte dela me chamando para o seu mundo. Não
rolou o beijo e me perdi do grupo por um tempo. Estava conversando com uma
garota da festa. Quando repentinamente ela apareceu, me puxou pelo braço, olhou
para a outra garota e disse: “dá licença que ele é meu namorado!”. A outra
garota saiu dali. Eu olhei pra ela e disse: “o que você fez?”. E ela sorrindo
disse que as pessoas estavam indo embora e que era para eu ir junto. Retruquei
dizendo que ela estava maluca, que eu não precisava ir junto e que agora ela
seria minha. No segundo seguinte abraçando-a com uma força de 13 anos de espera
a beijei. Foi um beijo longo. Foi um beijo lisérgico. Ficamos uns 10 minutos
apenas, eu pedi seu telefone e perguntei se ela tinha namorado. Ela me deu o
seu telefone e disse que seu namorado estava longe. Era uma quinta feira de
páscoa. Saímos juntos no domingo. Nunca me esqueci. Ela lera no Correio do Povo
o texto (Seis propostas) que o Juremir Machado da Silva escrevera em sua coluna
sobre um encontro e papo que tivemos. Eu estava em um momento iluminado. Dois
mil e love foi um ano de efetiva conexão coração-sexo. Ela foi uma garota que
me fez sentir uma mistura de tesão e amor tão grande que em nossa transa rolava
uma energia pós-metafísica. Nossa poesia estava guardada há 13 anos, logo,
nossas vivências foram carregadas de significado. Ficamos ao longo de um mês.
Era inverno. Tomamos muitas garrafas de vinho. Descobrimos prazeres
desconhecidos. Ela me confidenciou a especialidade de estar vivendo a
intimidade com ela, na medida em que pouquíssimos haviam desfrutado (2
namorados em 9 anos). Eu nunca imaginara que aquela garota do passado seria um
dia apaixonada por mim. E durante aquele mês ela foi. Não tivemos mais contato
depois do regresso de seu namorado. Nosso “contrato” dizia isso. Semana passada
ela me deixou um facebook dizendo que havia visto um filme com o Danton Melo e
lembrado de mim. Se os caminhos e trajetórias são de fato mais importantes que
as chegadas, então estamos juntos na divisão simbólica de significados. Cada um
a partir da sua história.
Jayme
Camargo
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