segunda-feira, 21 de novembro de 2011

paixão e amor - identidade e diferença

A paixão na identidade e o amor na diferença

Normalmente nos apaixonamos por pessoas que julgamos serem parecidas com a gente. Que compartilhamos gostos. Musicas, filmes, lugares. Sentimos frio na barriga quando estamos nos apaixonando a cada objeto compartilhado. Nossa paixão é altamente identitária. É o nosso ardente desejo pelo espelho. Entretanto, as paixões costumam ter prazo de validade. São finitas. E às vezes acabam com a gente. E aí não conseguimos entender como toda aquela afinidade não resistiu ao tempo. E em muitos casos não sobrevive. Apenas a menor parcela das paixões transforma-se em amor. E só se transformam em amor aquelas que cumprem uma condição. As que as afinidades objetivas viram crescimento. Aquelas no qual o jeito do outro nos agrega pela sua diferença. Quando na convivência aprendemos com as suas virtudes. E vice e versa. Essa troca gera o crescimento sem dor. Único modo humano que temos de crescer sem sofrimento é pelo aprendizado no amor. De resto, geralmente só aprendemos sofrendo. Por exemplo, nos casos em que a afinidade não vira amadurecimento. Casos em que os objetos das paixões nos criam ilusões. Viram amor as paixões de sujeitos de jeitos diferentes. Sujeitos só jeito. Onde cada evolução marca as experiências de ambos. Onde a intimidade revela cobranças que valem à pena – que nos trarão benefícios ao longo do tempo. Aquelas pequenas cobranças que tantos amores fizeram e que surdos não demos bola. É triste quando apenas um está preocupado com o crescimento. Significa que na prática só um está amando. Aqueles que não recebem aprendizados sentem-se não-amados. E em geral uma relação não se suporta sem a admiração. E em sua maior virtude habita o amor na diferença.
Jayme Camargo da Silva

terça-feira, 8 de novembro de 2011

sobre o hibridismo

A expressão do ser humano a partir do hibridismo.

Nosso cotidiano é carregado de inúmeros jeitos de ser. As pessoas são todas diferentes. Cada uma agindo a partir da sua própria história. Capazes de vivenciar infinitos comportamentos. Estilos de cabelo. Estilos de cabeça. Em alguns, por vezes, carecas de estilo. Nosso cotidiano é um delicioso vale-tudo. Basta vermos a beleza de ser tudo diferente. Múltiplas cores. Nas pessoas e nas vivências. A vida é um arco-íris se percebida desde a diferença. É como a natureza. A borboleta púrpura sobrevoa a rosa que o beija-flor beija e toda essa cena um colorido. É uma trama onde cada um vive o personagem de si mesmo. Nossas fantasias secretas que guardam os nossos mais íntimos desejos. Somos sujeitos de desejos. Cada um narrando a sua própria vida em cada movimento. O movimento elimina o pré-conceito. Nunca podemos prevê-lo. Isso significa nunca sabermos de antemão como será qualquer vivência. As experiências são sempre diferentes. E as pessoas se misturam nelas. Ao nos misturarmos uns com os outros tornamos as experiências mais ricas – mais vivas. As expressamos cada um de uma forma. Diferentemente, somos humanos. Eis a nossa existência enquanto hibridismo.

Jayme Camargo da Silva – PUC/RS-CNPq

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A música – crônica de minha existência.

à Joana

A música – crônica de minha existência.

(a felicidade)

a vida é uma gota de orvalho numa pétala de flor. Cai como uma gota de amor.vivemos milhares de experiências de tristeza e dor até chegar aos raros momentos de felicidade. Delicada vida. Perdemos pessoas de morte morrida e de morte no amor. São as duas formas que humanamente temos de perder o outro. E perdemos demoradamente, também aos milhares, para conseguir os pequenos espaços de beijos de amor. Há no cotidiano uma máxima: “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Tal máxima significa a nossa máxima dor. Não há vento que afaste a nossa fantasia, de rei ou de pirata ou jardineira, de tudo não se acabar na quarta feira. As cinzas, porém, são inevitáveis. Por vezes perdemos porque terminamos, por outras terminamos porque perdemos. A grande ilusão que temos do não ter fim o carnaval. Mas, Todo carnaval tem seu fim. Abrandamos a nossa alma com pequenas poções de ilusão. É a pluma do vento que nos leva pelo ar. Nossa felicidade voa tão leve, mas tem a vida breve. É o sonho que, por sua condição, nunca sabemos quando vamos sonhar. Para que acordemos alegres como o dia, atravessamos várias noites frias. Há Travessias. Entretanto, o nosso desejo: Travessuras. O ideal maduro, acreditamos, travessias que propiciem gozos em forma de travessura. Que tenham Cores. Que viva a natureza há flora. Que floreça e que aflore. Há um certo “Tom” na vida: Tristeza não tem fim, Felicidade sim.

Jayme Camargo da Silva,
No capão novo de 30 de outubro de 2011, às 03:07.
(ao som do “caríssimo” João Gilberto)