terça-feira, 16 de abril de 2013

maioridade penal



Sobre a redução da maioridade penal
A questão da redução da maioridade penal dos atuais 18 anos para os 16 reascende à tensão na sociedade brasileira. Os conservadores, ao sustentarem a redução, defendem basicamente uma melhoria no controle da violência. Situam-se em um contexto mais amplo, entre aqueles que defendem o porte de armas, penas mais duras, o encarceramento para usuários de drogas. Sua justificativa é sempre a mesma: a insegurança pública deve ser contida através da simples expansão do braço armado do Estado. Ou seja, violência deve ser combatida com (mais) violência. Entretanto, qualquer estudante de Direito, ao adentrar no universo jurídico penal, aprende que o crime possui origens bio-psico-sociais. O seu acontecer, portanto, derivado não de uma realidade simples, linear. A multiplicidade de fatores constitui a criminalidade enquanto um fenômeno complexo. Assim sendo, salienta-se a insatisfação entre a proposta conservadora de uma resposta simples através do Direito Penal, para um problema complexo como o da violência urbana. Por exemplo, a nossa sociedade ainda tem uma imensa gama de pessoas sem os direitos fundamentais sociais atendidos pelo Estado. Saúde, educação, alimentação, saneamento básico, enfim, o mínimo existencial para que um ser humano viva com dignidade. Se um sujeito não possui a possibilidade de viver com dignidade, em uma sociedade de consumo pornograficamente apelativa, então podemos estar perdendo mais uma pessoa para a barbárie. Com sorte não perdemos a todos nessa condição. As histórias das pessoas e suas práticas sabidamente são um critério diferenciador. Porém, perdemos os que perdemos para a violência por desnutri-los nos seu “bios”, violenta-los em seu “psico” e abandoná-los no social. Agora imagine que essa pessoa tem 16 anos e que seu problema é simples de ser resolvido: cadeia! Já encarceramos sem qualquer vergonha pobres, loucos e desvalidos. Não podemos achar viável e normal encarcerar nossas crianças e jovens. É uma questão de dignidade enquanto sociedade civil.              

 Jayme Camargo da Silva,
Consultor Unesco da Secretaria Nacional da Juventude
da Presidência da República (SNJ/PR).  

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