Sobre
a consistência na leveza (um diálogo tardio com Juremir Machado da Silva)
O ano de dois mil e love (2009) teve como projeto: leveza
na consistência. Meu planejamento existencial era buscar a leveza na
consistência em minhas relações. Essa fórmula me trouxe alguma alegria. Até
mais ou menos agosto. Dizem ser esse o mês do cachorro-louco. Na mais profunda
melancolia, aconteceu uma reflexão sobre o vivido até então. Diagnosticada a
carência. À leveza na consistência carecia de concretude na subsistência. E
tudo nesse horizonte traduzia-se a procura da felicidade. Fui feliz com a
fórmula anterior, mas ela não resistiu a determinadas tempestades. Foi um
período de sentimento solidão. Solidão de mim mesmo. Tive dificuldade de dar suporte
a minha própria existência. Eu não conseguia estar em lugar algum. Era o homem que não estava lá, sempre.
Certa vez eu estava chegando à Puc e a carona me deixou em frente à parada do
lotação. Nela estava o Juremir Machado da Silva. O Juremir carregava em baixo
do braço o livro do Italo Calvino. As “Seis propostas para o próximo milênio”.
Conversamos sobre as seis propostas, segundo a minha viagem, enquanto
qualidades que as mulheres valorizam nos homens que as tem. Falei da minha ideia
dois mil e loveana da leveza na consistência. O tempo ainda não havia corroído
tal verdade. Quando reli o texto que o Juremir escreveu no Correio do Povo
sobre aquele papo, tive uma iluminação. Toda a trajetória fazia sentido, apenas
era a hora de inverter. Percebi isso pouco depois. E essa percepção constituiu
a inversão da leveza na consistência para a consistência na leveza. Foi decisivo
para a passagem do ano. É essencial a base ampliada que a consistência na
leveza tem frente à leveza na consistência. Creio que as relações em geral
precisam disso. E não é nada fácil de manter, de não frouxar o garrão.
Preservar a subsistência. Eis um lema para os próximos dois mil e números.
Jayme Camargo 2010/2013
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