quinta-feira, 24 de julho de 2014

#hashtagscompartilhadas



GOSTO
Gosto dos seus múltiplos penteados. De seus mais diferentes sorrisos nos retratos. Das cores dos seus vestidos. De seu charme em sua serena inquietude. Gosto do seu jeito de ser habitado na alteridade. Gosto da sua idade, de compartilharmos a geração. Gosto do modo com o qual ela se relaciona com a sua história. Da narrativa que constrói a partir de suas tragédias e glórias. E de sua capacidade de chorar. Gosto muito de sua desenvoltura. Mas também dos seus lampejos de timidez. Gosto de sua sensibilidade forte. Gosto do seu ser maluquinha em sua alma dadivosa. Gosto que ela gosta do samba. E de amor. Ela sabe gostar... Gosto de sua criatividade. Do modo como ela adere às brincadeiras. Gosto das # (hashtags) compartilhadas. E do seu deboche sagaz permeado de “vamos viver-à-vida”!  Gosto muito da sua afrodisíaca inteligência. Gosto de dançar com ela. Gosto de transar com ela. De ouvir Lenine e trocar ideias até as altas da madrugada. Gosto da sua dedicação para o trabalho. De suas mais variadas competências. Gosto do seu apreço pelo uísque.  A cada dia que passa gosto mais dela. Gosto que ela me faz voltar à poesia...
Jayme C., de SLZ para POA, 00:12, 25/07/2014  

terça-feira, 15 de julho de 2014

diário do maranhão

Delírios maranhenses I (trabalho & saudade)
Meu trabalho é muito legal. O ambiente acadêmico quando é composto de juventude e responsabilidade, além da fundamental tranquilidade com os egos, é muito agradável. E isso que as aulas começam apenas segunda que vem. Ficamos na coordenação do curso resolvendo questões acadêmicas, como monitorias, grupos de pesquisa, enfim, toda a sorte de burocracias fundamentais em qualquer espaço institucional. Acredito cada vez mais na responsabilidade e disciplina na organização como os critérios para que as coisas aconteçam. E para isso não é preciso ser sério, no sentido de carrancudo e fechado. A leveza é sempre um diferencial e os pequenos deboches com (o) fundamento um modo de ser-no-mundo. Responsabilidade com leveza é a minha busca profissional. E a vivência do momento é de foco absoluto nesse ponto. Tenho estudado bastante, lendo linha-a-linha e fazendo fichas de leitura, ao modo como procediam os professores e melhores alunos da Filosofia da UFRGS. Em média 6 a 8  horas por dia. Estou muito feliz com as disciplinas que vou lecionar. Sobretudo com “Hermenêutica, Lógica e Argumentação”. Heidegger e Gadamer já estavam entre o conteúdo programático do curso. É uma das disciplinas mais criticas do projeto pedagógico. Que é maravilhoso, diga-se de passagem, pois traz referências como Paulo Freire e Luiz Alberto Warat.    

Como eu suspeitava, as pessoas são incrivelmente mais abertas que no sul. As pessoas contam a sua história em 5 minutos de conversa. E Isso é muito – muito afudê! Obviamente meus amigos e família são o que falta. Com relação aos amigos, é incrível a falta sem dor que eles me fazem. Os meus amigos sabem que eu sou apaixonado por eles. Entretanto, sei do carinho deles à distância. Não me sinto nenhum pouco só e desse modo desfruto a solitude sem revezes da solidão. No quesito amigos, a vida parece me brindar com a sorte dos melhores. Já na chegada encontrei pessoas que parecem ser muito bacanas. O símbolo disso tudo posso resumir na figura de Bruno Azevedo, o sujeito que tem o coração do tamanho do Maranhão. Fiquei no hotel logo que cheguei, e teria ficado mais uns 4 dias caso a generosidade de Bruno não fosse sem tamanho. Ele me levou para a sua casa, junto com Bebel – sua filha linda de 3 anos e sua companheira. Fiquei dois dias sozinho em sua casa, pois foram viajar. Uma família deveras inteligente e encantadora. Aliás, o Bruno é um dos mais ricos personagens do Maranhão. Além de colega na docência enquanto antropólogo que é, também é escritor, músico e editor de livros. Até no Jô Soares já foi e deu uma engraçadíssima entrevista. Aos poucos vamos construindo uma bonita amizade tal como as construídas na província. Eis um horizonte: saudades sem dor… Pois, com dor, apenas de uma pessoa, e ela sabe o porque.
Jayme C., de SLZ para POA.

sábado, 5 de julho de 2014

carinho



                     Para a “siiiiiiiiiim” (é claro).

SOBRE CAFÉS & MANHÃS (o carinho desapegado)
Passei o último mês em POA na condição cotidiana que mais gosto, isto é, a de (pseudo) antropólogo urbano. O foco de análise recaiu sobretudo na noite da CB e seus desvãos afetivos. Re-colhi um farto material. Desde o texto que escrevi sobre o diálogo que tive com uma amiga, a menção ao “café da manhã” fruto de um pós-noite dionisíaco, passou a ser um deboche corrente entre os amigos. Era surgir algum evento festivo e já vinha uma mensagem no grupo do “zap-zap”: “quero noite e café da manhã!”. O ponto é o carinho desapegado. Ou seja, mesmo que o encontro afetivo dure só uma noite, não há razão para não sermos carinhosos. Parece óbvia essa micro tese, ao passo que se escolhemos dividir algumas horas da nossa vida com o dito cujo que estamos ficando, um mínimo de delicadeza deve haver. Ora, quem não tem competência que não se estabeleça, relembrava a referida amiga em minha festa de despedida. E nesse contexto competência significa diversas questões. Primeiro que o sujeito tenha a sensibilidade de não confundir carinho com promessa de casamento. Carinho é coisa do ser humano (de alguns); e o casamento, ao menos em meu poluído imaginário, remete a seguinte cadeia de conexões: noivas-->padres-->igrejas-->Deus-->morte. As duas últimas no sentido nietzscheano dos termos!

Enfim, a sensibilidade de fazer a leitura correta do carinho deve ser de quem dá e de quem recebe. Aliás, quem não gosta de carinho bom sujeito não é. No mínimo é mal resolvido. Isso faz lembrar um amigo que estava ficando com uma garota de uns 26 anos que lhe disse não gostar de carinho. Ele, nego-véio no pagode, não deixou de perceber a loucura da garota e logo transformou a “ficância” em amizade. Legal que esse amigo e a amiga do diálogo acabaram ficando em uma festa. Acho que se curtiram, pois se encontraram no carinho desapegado. O mais incrível é quando o carinho desapegado é vivido com tanta maturidade que se transmuta em “eternidade descompromissada”. É o último degrau antes da paixão. Daí a cadeia é outra: categoria-nas-práticas-->encantamento-->eternidade descompromissada-->paixão. Meu último café da manhã em POA fez perceber essa última cadeia de fatos. Era para ser só uma cervejinha, mas virou uma viagem para dentro da gente. Nessa frase estamos conjugados. Caetano não teria deixado de cantar essa condição da alma: “tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo...”.
Jayme C., de SLZ para POA, 05/07/2014, 02:24.