segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

sobre o feminismo

Sou um homem feministo (a condição masculina e o feminismo) 

Eu nunca bati em nenhuma mulher, mas já tomei uns safanões. Menos mal que não fiquei traumatizado. Brigas em fim de relacionamento. Acho que a minha (in)capacidade em deixar irritadas as namoradas que estão virando ex-namoradas, aliadas a sua fúria ferina, resultaram em alguns arranhões em mim. Tive uma ex-namorada que era mega forte e braba também. Mulher incrível e maravilhosa, diga-se de passagem. Ela é leonina e certamente eu levei umas unhadas suas. Em uma de nossas brigas terminais, eu estava meio gambá do uísque e quebrei o vidro de uma porta com um soco para descarregar a minha raiva. O descontrole é sempre uma merda, mas somos passíveis enquanto humanos passionais. Foi ridículo de qualquer modo, entretanto, muito melhor descontar em um ser inanimado do que causar dor ao outro sensível. Outra ex-namorada tinha um ímpeto agressivo e pouco jogo-de-cintura em brigas conjugais. Certa vez pegou um pedaço de madeira e eu tive que sair porta a fora de casa para não sofrer piores mazelas. E se eu não tivesse saído? Acho que aqui reside um ponto.

Algumas mulheres por vezes se descontrolam. E se estão perto de sujeitos que vão apenas se defender e não contra ataca-las, então elas podem se beneficiar desse artifício. É importante não esquecer o contexto: mulheres furiosas, em brigas terminais, agindo com agressividade frente a parceiros que apenas se defendem. Esse é um caso raríssimo onde a condição de mulheres é protegida. Pois se eu e minha ex trocássemos de papeis no episódio do pedaço de madeira, já seria uma violência simbólica de ameaça (violência moral) que mui provavelmente a “Maria da Penha” categorizasse. Puxa vida, acho que deve ser isso o significado de viver na sociedade do risco... Esse risco as mulheres sofrem desde sempre dado à estrutura de mundo machista. Os artifícios e prerrogativas normalmente estão todos do lado dos homens. Nessa ínfima condição muito específica que contextualizei, acredito residir o mais próximo (ou o menos distante) que os homens conseguem chegar das injustiças que as mulheres passam no cotidiano. Aliás, essa é uma acertada tese de várias feministas, isto é, que os homens nunca vão conseguir saber como se sente uma mulher em um mundo machista full time como o nosso. Daí defenderem a não presença masculina em alguns dos seus espaços de reconhecimento. 

É nesse emaranhado de novelos que me aproprio do termo cunhado pelo Juremir Machado da Silva – e lhe confiro um sentido empírico: sou um homem “feministo”! Talvez reflita a condição de alguns homens, a saber, sensíveis à defesa dos direitos feministas, porém cientes de sua condição existencial masculina. Sobretudo em sendo fruto mais de grandes mulheres do que de grandes homens, como no meu caso. Fecho fácil com Pepeu: “ser um homem feminino não fere o meu lado masculino, se Deus é menina e menino, sou masculino e feminino”.

Jayme Camarg

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