quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

amor antropológico

O RE-FLORESCIMENTO DO AMOR EM PORTO ALEGRE
No último 24 de Novembro (domingo no parque), no Araújo Viana, duas falas me chamaram a atenção. Tonho Crocco e Edu K falaram, e defenderam o amor. Minha surpresa não derivou dos sujeitos falantes, porém da importante qualificação no fundamento de suas falas. Por ser mais próximo de Tonho (ou menos distante), vou destacar mais a fala do “Defalla” do que a do groove pensante da Ultramen (melhor banda gaúcha dos últimos 20 anos). Edu K disparou com sabedoria e propriedade: “que maravilha, voltei à Porto Alegre e vejo que estão acontecendo diversos movimentos, as pessoas estão agrupadas e fazendo coisas interessantes – isso gera amor”! Tanto Edu K quanto Crocco estiveram na Oswaldo Aranha dos anos 80/começo dos 90. Isto é, participaram de um dos últimos “guetos antropológicos” de Porto Alegre – que legaram significados culturais para a cidade. Infelizmente os meus 30 anos não me permitiram vivenciar essa época. Porém, uma das mais sábias opções que fiz foi escutar diversos amigos que estavam lá e participaram daquele mo(vi)mento. As pessoas estavam na rua ocupando o espaço público e fervilhando idéias, ideais e outras trocas simbólicas que só às experiências-de-rua (mundo da vida) possibilitam. Suponho que Edu K ao falar sobre a província de hoje, de certa forma, teve um pouco na história o seu referencial. Não acho que a comparação seja o caminho mais fiel aos dois momentos. Entretanto, há uma pulsão de vida novamente fervilhando na cidade. Lembro uma frase de minha mãe, aos seus 60 anos de trajetória e antropóloga de formação: “há anos eu não via nada começar em Porto Alegre!” – referindo-se às manifestações ocorridas em junho na província e no Brasil. São diversos os movimentos que novamente estão agrupando pessoas e essa (re)união revela a socialidade viva no imaginário e nas práticas. Temos os importantes movimentos de ocupação dos espaços da polis como o “Largo Vivo”, “Ocupe Porto Alegre”, “Redenção iluminada”, etc. Coletivos de diversas áreas e temáticas também agrupam e promovem debates (tal como o “Sororidade viva”). Temos fortes nichos feministas que conferem solidez à causa em questão. Enfim, cito em nome da ilustração apenas alguns, pois seria deveras longa a lista que contemplasse todas as vertentes. O resultado disso tudo: o reflorescimento do amor em Porto Alegre. Amor não só entre as pessoas e em suas mais diversas formas e níveis, na medida em que passam a estarem mais próximas; mas também o amor em geral, amor pela cidade, pelas idéias defendidas, pela vida cotidiana como um todo. Quiçá a primavera em Porto Alegre seja a época das flores não só enquanto beleza natural, mas também enquanto antropologia da vida em sua forma mais universal: o amor!
Jayme C.

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