ESTRANHOS DEBOCHADOS
Durante a adolescência (nos anos 90) ser
estranho era um fardo. Sofria-se bullying sem repressão. Era-se alvo dos
mais variados deboches. Nesse mundo o mar não era de rosas. O mar era
turvo... Estranho no sentido de feios, pouco populares com as garotas e
alguns ainda chatos. A feiura é algo irresolúvel, mas passível de ser
melhorada com o efeito do tempo e a consequente diminuição da falta de
‘interessância’. Da mesma forma é possível aprender a ser menos chato. Nesse contexto do progresso no tempo, a popularidade com as garotas deixa de ser absolutamente uma nulidade.
O estranho tem que se puxar por outros lados. Tem que ser atraente de
alguma forma, na medida em que sua estética já não o ajuda. Assim, ter
um bom humor refinado é uma via possível. Trilhável. Ser engraçado é um
qualificador decisivo. Os infelizes deboches da juventude são
progressivamente substituídos por deboches com o fundamento das coisas,
com a categoria para não ser cansativo e a educação necessária para não
ser desagradável. O fundamento é valioso no deboche, pois o deboche só
pelo deboche, ou seja, sem fundamento, acaba sendo vazio e pouco valor
agrega além de risos sem significado. Isto é, se só falar sobre o
fundamento das coisas é chato, de outro lado o deboche no vácuo revela a
falta de categoria do debochado. A educação é fundamental para que não
falte ‘desconfiômetro’ na galhofa, ou seja, para sacar o contexto e não
resultar em inconvenientes fracassados. Na hora de dançar, então, vale
ouro ser um estranho engraçado. Normalmente as gurias dão risada. E
assim o acesso já se vê mais facilitado... Felicitado! Felicidade na
vida acaba passando pela capacidade de rir e saber provocar belas
gargalhadas. Importante ressaltar que para conseguir o deboche
qualificado deve-se não se levar tão a sério. Só rindo de si mesmo
aprende-se a rir com categoria e elegância.
Jayme C.
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