Para Cândida
Parabéns com Oscar Wilde (sobre almas
eternamente belas)
Desejei feliz aniversário da seguinte
forma: “muitos parabéns, que tu sejas eternamente bela como Dorian Gray!”. E a
garota respondeu o seguinte: “Talvez obrigada. Não sei o real sentido da tua
frase... Qual a razão pra ti? Pelos parabéns, sincero obrigada!”. Daí lembrei
que muito embora a beleza, o personagem do livro de Oscar Wilde é totalmente
sem escrúpulos. Minha intenção, entretanto, era nobre... Fui movido por algo
subjetivo, além da muito sutil proximidade fonética de parabéns com Dorian Gray.
Ou seja, estava me referindo à alma da menina aniversariante. Eis a essência
parabenizante da referência. Meu horizonte o fato da alma ser exatamente aquilo
que podemos tornar eternamente bela em nossa existência. Basta nos preocuparmos
com ela e irmos a esculpindo. Ora, é nosso corpo que sofre a corrupção do
tempo. Daí a busca do personagem de Wilde. Dorian Gray era um
rapaz extremamente lindo da sociedade londrina. Ao servir de modelo para um
amigo pintor, desejou que o quadro envelhecesse em seu lugar para que
continuasse eternamente jovem e belo. Seu desejo é atendido e a partir daí a
sua vida muda. Dorian se transforma em um sujeito egoísta e mau; muito embora a
beleza assegurada com o não envelhecimento obtido. O seu equívoco habita no
ponto ao qual me apoiei ao utilizá-lo com a garota. Quiçá Dorian devesse ter se
preocupado com a alma ao invés da carcaça. É possível que os deuses tivessem
lhe reservado um destino melhor. Uma alma eternamente bela tal como a da
aniversariante. Que, todavia, também é linda no sorriso; assim sendo, desejo
que preserve a beleza subjetiva na passagem do tempo!
Jayme C.
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