A ELITE BURRA (e a
náusea que causa)
Tenho amigos na elite
(ricos e bem nascidos), ao passo que o coração é um critério e não o bolso no
momento da escolha afetiva. Entretanto, após conviver durante quinze anos com
diversos tipos de sujeitos abastados aprendi a conhecê-los. E tem um tipo que
eu desprezo com toda a repulsa possível devido à náusea que me causam. Falo de
uns playboys babacas que passam a vida protegidos e quando acham que são
adultos começam a emitir opiniões sobre a vida em geral. No início são
protegidos fisicamente nas cascas existenciais que a elite cria para resguardar
seus frágeis bebezinhos. Com o passar do tempo à proteção passa a ser
simbólica, isto é, via cartão de crédito da família. Criticam cotas universitárias
para minorias étnicas sendo que o papai pagou um colégio bom e caro para ter a entrada
facilitada na federal. São contra médicos estrangeiros para atender aos pobres,
mas quando ficam doentes contam com um plano de saúde classe “gold” e o amparo de
qualificados hospitais como o Moinhos de Vento. Quando se formam na
universidade contam com a influência do papi para imediatamente ingressarem com
tranquilidade no mercado de trabalho. Ou seja, não fazem ideia do que significa
a sigla “Sine”. Quando completam 18 anos vão tirar a CNH para dirigirem o carro
ganho de presente; e assim bradam quando protestos pela redução das passagens
atrasam a sua ida para a academia de ginástica. Passam a vida toda convivendo alheiamente
com a corrupção da direita, mas só gritam quando a esquerda está no banco dos
réus. Querem a redução da maioridade penal, na medida em que o encarceramento
da pobreza é a solução mais fácil para que suas vidas sejam mais tranquilas. Muitos
são racistas, machistas e sem qualquer alteridade; ao largo do capitalismo e
suas consequências oportunistas. Em suma, esses sujeitos não lapidam a sensibilidade
devido a sua trajetória de vida; não aprendem nada com as suas vivências
plastificadas. Falta-lhes pele. E somado a esse aspecto são despreparados
intelectualmente. Faço a ressalva: conheço grandes intelectuais de direita – de
fato não é esse o meu ponto. Refiro-me aos sujeitos que tiveram todo o
benefício estrutural e não leem dois livros por ano. E o único que leem até o
fim, normalmente, é de autoajuda ou de literatura medíocre ala Paulo Coelho.
Pois esses intragáveis sujeitos opinam sobre as inúmeras circunstâncias que
referi. Sem ter o menor preparo de uma vida vivida de verdade, e tampouco a
instrução conceitual que o dinheiro poderia ter comprado. Contra esses fica o
meu apelo: deixem as questões de envergadura da vida cotidiana para quem se
prepara para lidar com elas. Tanto na pele como na cabeça. Para finalizar,
lembro uma discussão sobre direitos humanos que tive ao fim de uma aula ainda
no curso de direito, com um “jiujiteiro” mais ou menos aos moldes que descrevi.
Eu disse para ele: “nunca mais vamos conversar ou discutir; somos de academias diferentes”.
Na verdade, a diferença é maior. É uma questão de “crasse”!
Jayme C.
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