quinta-feira, 3 de outubro de 2013

trair

Por que não trair?

Tive uma dose sensivelmente cavalar de porque não trair. E foi em um momento lindo, não com apenas dor no coração. Ao menos em parte, isto é, da minha parte. Andamos de bici no pôr do sol, sentamos na beirinha do rio e admiramos as múltiplas cores do céu pós-sol que se pôs. Bebemos por aí, bebemos tango no Odeon. Sentamos em uma praça já tendo nos emaranhado. E aí ela contou. Havia passado pela dor da traição. E chorou, chorou... A tristeza que parece estar sendo superada refletia com mais brilho seus iluminados olhos mel-esverdeados. Ao falar de sua história eu não conseguia compreender como algum babaca poderia ser protagonista daquela escória. Ela é sensível, bela e interessante. Como alguém pôde abdicar de um amor tão pleno fazendo tatuagens de sofrimento? Era inexplicável para mim. Eu estava ali, exatamente no outro ponto da história, começando a conhecê-la e adorando esse processo. Não deixei de dividir com ela essa concreta dúvida hiperbólica – já aproveitando para afagar e fazê-la sorrir. Foi muito bizarro perceber como podemos fazer tão mal para pessoas tão maravilhosas. Lembrei, obviamente, das cretinices que patrocinei. Pensei e me penitenciei pelos equívocos praticados. Ali naquele momento percebi o quanto não quero estar no polo oposto ao que estou. A merda que ela passou, de certa forma, acabou possibilitando o nosso encontro provinciano. E nesse momento único que atravessamos já me legou ensinamento via sentimento.
Jayme C

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