DEFEITOS & VIRTUDES: MOEDAS SUBJETIVAS DE DUPLA FACE
Acredito na ideia que os meus defeitos me definem bem mais que as
virtudes. A razão para essa crença deriva do fato de meus defeitos serem
constitutivos da minha vida, história e trajetória, mais do que as
virtudes. Além de suspeitar também que minhas imperfeições ainda existam
em maior número. Com relação aos defeitos serem mais constitutivos, penso
que nascemos sendo animais cheios de falhas. O tempo nos permite ir
corrigindo alguns desses vícios, na medida em que os anos passam. É o
maravilhoso lapidar da existência. Nesse processo vamos transformando
surrados defeitos que carregamos por muito tempo em preciosas virtudes.
Constatar essa transformação em nossas práticas cotidianas é confirmar
que em pelo menos algum aspecto estamos de fato mudando. Para os que
buscam amparo terapêutico, aliás, trata-se de uma incrível conquista.
Entretanto, é muito difícil mudar as práticas. Temos um determinado
jeito-de-ser e depois que ele se dá é que nos damos conta de como ele é.
Somos inconscientes. E des-construir o nosso inconsciente demanda tempo
e dedicação. Nesse contexto a razão ocupa um lugar importante. Acredito
que devemos buscar a máxima consciência dos próprios defeitos ao invés
de racionalizar as virtudes. Se as virtudes são racionalizadas, então a
chance de inflar os nossos já espaçosos egos é grande. É a tarefa
cotidiana de dominar internamente o nosso monstro chamado ego para que
ele não projete nossas vaidades sobre o outro. E o que fazer com as
virtudes? Gozar as conquistas que elas nos proporcionam. Viver com
alegria e humildade a felicidade das vitórias que as nossas habilidades
nos brindam. Desse modo, a evolução subjetiva faz com que cada grande
defeito que temos corresponda a uma virtude. São as moedas subjetivas
que compõe as nossas vidas e tais como as moedas do capital estão em
dupla face. Daí a necessária referência à humildade, isto é, não dá
pra se achar.
Jayme C.
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