segunda-feira, 16 de setembro de 2013

semana esfarrapada



A revolução esfarrapada e o hino nos estádios

Faz algum tempo que se toca o hino do RS antes das partidas de futebol. Faz também algum tempo que me chama a atenção a hipnose e o transe coletivo que esse momento gera nos gaúchos médios. Cantam como se o retratado no hino fosse a mais gloriosa das revoluções. Acreditam que o orgulho de ser gaúcho deriva desse portal das virtudes que é a revolução esfarrapada em seus imaginários. Os gaúchos médios são a maioria nos estádios após a sua elitização. São os mesmos que acordam ouvindo e acreditando na Rosane Oliveira, almoçam com Lasier Martins, veneram a Cia Zaffari, são contra as cotas na universidade pública, contra médicos cubanos para atender aos pobres (dado que contam com a segurança da Unimed), defendem a redução da maioridade penal. Ou seja, são conservadores. Tal como os escravagistas e loucos pelo lucro oriundo do charque que levaram a cabo a tal revolução. Desse modo, o eterno retorno do mesmo parece confirmar a representação do passado em nosso presente bandido disfarçado de libertário. Falam do RS como se fosse à terra prometida. Quem nunca ouviu por aí algum gauchão tradicionalista sustentar: “aqui no Rio grande é diferente!”?! Durante duas semanas em setembro ficam acampados em um parque chamado Harmonia, porém acham uma barbaridade quando se acampa na Câmara municipal para se protestar por melhorias. Harmonia desde que não apareça a diferença, na medida em que lá é proibido que pessoas homoafetivas manifestem a sua liberdade na semana esfarrapada. O que acho mais inoportuno é quando vejo crianças reproduzindo esse comportamento no horizonte das atitudes dos pais. Quiçá o hino esteja certo em um ponto: “povo que não tem virtude acaba por ser escravo” do destino enquanto pré-conceito.

Jayme C.

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