terça-feira, 18 de novembro de 2014

Amor, gente da gente

Amor, gente da gente

Escrevi, faz cinco anos, que um amor que seja diferente da gente nos engrandece. Mais que isso, sustentei que não havia nada melhor que amar alguém diferente. O tempo devorou implacavelmente essa idéia, tal como o faz com todas as minhas demais verdades. Talvez a explicação esteja no próprio tempo. Tinha 25 para 26 anos quando pensava diferente. Hoje em dia, quase com 32, há uma serena concretude de que um amor compartilhado de identificações é o locus do meu desejo. Nesse momento, não tenho mais saco, por exemplo, para estar com alguém que não goste de samba(r). A música é uma afirmação no meu cotidiano. Seja para escutar em casa, seja para dançar sexta à noite. E eu amo o samba, algo que está enraizado na minha história desde os vinis que escutava, ainda no ventre de mamãe. Gosto e topo outras músicas, mas não há nada melhor que estar junto com uma “enciclopédia do samba”. Da mesma forma com os filmes, ou seja, nada melhor que confiar de olhos fechados nas escolhas da companheira, na medida em que a sua vontade cinematográfica também passa há léguas dos blockbusters americanos.

Outro tipo de escolhas que creio ser o mel do melhor compartilhar a identificação é com relação aos lugares frequentados. Como estar junto com alguém que não curte botecos simples e legais, tais como o LS Meketreff e o Psiquiatra bar? Ou, então, como estar com uma mulher conservadora, positivista, enfim, que tivesse uma mente fechada em pré-conceitos enrijecidos? Não rola… E acho que não estou mais no tempo de ficar brigando por circunstâncias tão pequenas frente à grandiosidade do amor. É uma linda alegria a identificação que tenho com a sensibilidade da mulher que amo. E dadas as escolhas subjetivas que ela faz, que passam pela sua incrível sensibilidade, grande parte de meu incomensurável amor tem assento.     

Jayme C.      

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