Amor, gente da gente
Escrevi, faz cinco anos, que
um amor que seja diferente da gente nos engrandece. Mais que isso, sustentei
que não havia nada melhor que amar alguém diferente. O tempo devorou
implacavelmente essa idéia, tal como o faz com todas as minhas demais verdades.
Talvez a explicação esteja no próprio tempo. Tinha 25 para 26 anos quando
pensava diferente. Hoje em dia, quase com 32, há uma serena concretude de que
um amor compartilhado de identificações é o locus do meu desejo. Nesse momento,
não tenho mais saco, por exemplo, para estar com alguém que não goste de
samba(r). A música é uma afirmação no meu cotidiano. Seja para escutar em casa,
seja para dançar sexta à noite. E eu amo o samba, algo que está enraizado na
minha história desde os vinis que escutava, ainda no ventre de mamãe. Gosto e
topo outras músicas, mas não há nada melhor que estar junto com uma “enciclopédia
do samba”. Da mesma forma com os filmes, ou seja, nada melhor que confiar de
olhos fechados nas escolhas da companheira, na medida em que a sua vontade
cinematográfica também passa há léguas dos blockbusters americanos.
Outro tipo de escolhas que
creio ser o mel do melhor compartilhar a identificação é com relação aos
lugares frequentados. Como estar junto com alguém que não curte botecos simples
e legais, tais como o LS Meketreff e o Psiquiatra bar? Ou, então, como estar com
uma mulher conservadora, positivista, enfim, que tivesse uma mente fechada em
pré-conceitos enrijecidos? Não rola… E acho que não estou mais no tempo de
ficar brigando por circunstâncias tão pequenas frente à grandiosidade do amor. É
uma linda alegria a identificação que tenho com a sensibilidade da mulher que amo.
E dadas as escolhas subjetivas que ela faz, que passam pela sua incrível sensibilidade,
grande parte de meu incomensurável amor tem assento.
Jayme C.
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