quinta-feira, 5 de junho de 2014

medo de viver



Diálogo com uma mulher: o medo nos homens.
Eu estava dançando no bar 512 quando uma velha amiga disparou: “li o teu texto sobre as garotas da geração de 20 anos. Acho que tu também podias escrever sobre a falta de coragem dos homens da tua geração, ou seja, os trintões nossos contemporâneos”. Entre goles de uma cerveja gelada naqueles quentes dias do começo de abril, sorri e em um tom leve lhe disse: “fale-me mais...”. O argumento de minha amiga era que muitos homens, que têm mais ou menos 30 anos e supostamente práticas libertárias, temem qualquer ação da mulher quando estão se aproximando. Isto é, esses homens quando estão tentando se permitir alguma intimidade fazem leituras equivocadas das coisas. E assim apenas tentam ter alguma intimidade, mas na prática as couraças criadas pelas más-leituras impedem que se efetive qualquer proximidade real. Dizia minha interlocutora: “Às vezes a gente só tá querendo transar com o cara, mas ele confunde os sinais e acha que estamos querendo o príncipe salvador das mazelas afetivas!”. Quando ela falou isso acendeu uma lamparina em meu marasmo cognitivo. Pensei comigo mesmo – porque será que isto acontece aos homens? Deixei a pergunta amadurecer no tempo. Mudaram as estações. Mudei de casa e de trabalho. Momento propício para sinapses mais sensíveis.
A chuva, a fumaça de sândalo e o Merlot, reacenderam a questão nessa típica noite de inverno na província. Porque por vezes os homens fazem leituras equivocadas ao estarem se aproximando de uma mulher? Fui ao facebook e recordei que ela havia enviado um texto sobre o mesmo ponto, de outro amigo seu e postado no caderno Donna Virtual. Um bom texto! Resolvi chama-la no bate papo do facebook e pedi que me falasse novamente sobre o tema. Ela re-afirmou: “falta de coragem. Ampla. Coragem pra tudo, desde o primeiro passo. Medo do que as coisas simples possam significar. E porque diabos elas tem que significar algo MAIS SÉRIO?! Não dá para deixar de viver por medo de viver...”. Ressalvou ainda a questão do mal interpretado visto por outro ponto solto por aí, ou seja, “tanta gente querendo desesperadamente um pouco de afeto, que qualquer demonstração pode virar um grude.”. E com razão de fato, pois quem nunca esteve nos polos dessa condição?! Enfim, minha ideia é que (noss)as cabeças masculinas estão impregnadas de machismo(s). Os homens não tem um simbólico da mulher empoderada em seus imaginários. São ingenuamente reféns da ideia que “usam”, mas não sacam que também são passíveis de serem “usados”. Talvez essa seja a causa dos homens não conseguirem pensar na mulher querendo apenas coisas simples, tal como o sexo. Ou uma manhã feliz após uma bela noite dividida, como ela finalizou a nossa conversa: “porque eu só encontro olhares de PÂNICO quando o café da manhã está pronto. Acabo tendo que dizer: calma, amigo, não quero casar, só quero ter uma manhã feliz.”.                  
Jayme C., 05/06/2014, 01:47.

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