segunda-feira, 9 de junho de 2014

futebol e finitude

FERNANDÃO: o paradigma de uma geração
 

Tomei um trago de uísque na noite de sexta e acordei com uma ressaca péssima no sábado ao meio dia. Obcecado por notícias e jornalismo que sou, abri o site do Correio do Povo para brevemente ler as últimas entre goles vorazes de água de coco para amenizar a dor de cabeça. Nesse momento tomei conhecimento da finitude de Fernandão. Fiquei chocado. Piorou significativamente o meu estado anímico. A morte sempre me abala, mesmo que não seja uma dor próxima. E essa obviamente é uma dor ao lado, vizinha. Fernandão marcou de uma forma peculiar os torcedores de dois times, os colorados evidentemente, e os gremistas por uma consequência da vida. Lembro-me do gol 1000 naquele grenal de 2004, tarde na qual eu participava do projeto “Ver SUS” no departamento de psicologia da UFRGS. Acompanhei aquela dor pelo radinho de pilha, ao pé do ouvido. Fernandão está para a geração dos meus amigos colorados tal como Jardel está para a adolescência vitoriosa dos gremistas de 30 anos. Com dois adendos, pela justiça dos fatos: Fernandão ganhou o Mundial como jogador e como técnico do time em campo. Fernandão é maior até que D’alessandro. Triunfou no último e mais iluminado degrau que um time de futebol pode chegar: o mundo. Fernandão re-inventou a geração dos meus amigos colorados. E nos colocou enquanto gremistas na rotunda dor dos fracassos, que tanto assolou os vermelhos nos anos 90 do passado. Assim sendo, Fernandão mudou os rumos de uma geração. Fez o velho esgotado desaparecer e instituiu o novo. Será eternamente um paradigma.
Jayme C.

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