FERNANDÃO: o paradigma de uma geração
Tomei um trago de uísque na noite de sexta e acordei com uma ressaca
péssima no sábado ao meio dia. Obcecado por notícias e jornalismo que
sou, abri o site do Correio do Povo para brevemente ler as últimas
entre goles vorazes de água de coco para amenizar a dor de cabeça.
Nesse momento tomei conhecimento da finitude de Fernandão. Fiquei
chocado. Piorou significativamente o meu estado anímico. A morte sempre
me abala, mesmo que não seja uma dor próxima. E essa obviamente é uma
dor ao lado, vizinha. Fernandão marcou de uma forma peculiar os
torcedores de dois times, os colorados evidentemente, e os gremistas por
uma consequência da vida. Lembro-me do gol 1000 naquele grenal de 2004,
tarde na qual eu participava do projeto “Ver SUS” no departamento de
psicologia da UFRGS. Acompanhei aquela dor pelo radinho de pilha, ao pé
do ouvido. Fernandão está para a geração dos meus amigos colorados tal
como Jardel está para a adolescência vitoriosa dos gremistas de 30 anos.
Com dois adendos, pela justiça dos fatos: Fernandão ganhou o Mundial
como jogador e como técnico do time em campo. Fernandão é maior até que
D’alessandro. Triunfou no último e mais iluminado degrau que um time de
futebol pode chegar: o mundo. Fernandão re-inventou a geração dos meus
amigos colorados. E nos colocou enquanto gremistas na rotunda dor dos
fracassos, que tanto assolou os vermelhos nos anos 90 do passado. Assim
sendo, Fernandão mudou os rumos de uma geração. Fez o velho esgotado
desaparecer e instituiu o novo. Será eternamente um paradigma.
Jayme C.
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