quarta-feira, 25 de junho de 2014

amor e amizade



É proibido ficar com o ex de um amigo?
Depois de um agradável café com a professora que serei colega no Maranhão, vi o excelente show da Tribo Brasil ontem na Casa de cultura M.Q. Encontrei 4 amigas que são interessantes mulheres. Fomos beber no 512 e demos muitas risadas debochando do cotidiano em geral. Amigos, solteiros (?), logo, acabamos tornando as relações fugazes da vida tema de alguns deboches. Nesse momento falamos sobre o fato corriqueiro de em uma cidade grande-pequena, tal como POA, ficarmos com os ex-namorados(as) de algum(a) amigo(a). A mesa foi unanime, pois não foi burra, preferiu ser realista. Ou seja, todos julgaram normal e não trataram o fato como um pecado. Lembrei que em meu grupo de amigos mais próximo, uma das minhas melhores amigas namorou um dos amigos e anos depois casou com outro da mesma turma. E continuamos muito amigos e com os amores preservados entre todos. Na mais absoluta tranquilidade. Acho deveras louvável essa maturidade. Claro que o sujeito não vai sair procurando a pessoa que recém se separou de um próximo –, observamos em nosso trepidante papo na terça chuvosa da província. Entretanto, transcorrido o tempo do bom senso e acontecendo a recíproca “interessância” em uma madrugada da vida: sinal verde conferido pela nossa síntese etílica. Afinal de contas, a Cidade Baixa e redutos de certa boemia porto alegrense são pequenos e favorecem (re)encontros de pessoas da mesma vibe. Acho que há uma dupla desconstrução a ser feita nesse tabu. A primeira, com relação ao amigo que não pode se sentir dono de outra pessoa que já passou. E a derradeira, na velha moral surrada que sustenta conservadorismos ultrapassados no imaginário das pessoas. Uma lição de Nietzsche é jamais trocar um mo(vi)mento dionisíaco libertador em nome de uma moral de valores inodoros, insípidos e incolores. Estarmos em um dos polos dessas situações que envolvem amigos e ex-namoradas(os), só prova que estamos vivos. E assim sendo, um brinde ao “amor fati”!
Jayme C.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

copa da elite



A ELITE VAI(A) NA COPA

A elite vaia o bolsa-família arrotando o caviar do jantar.

Estuda em belas escolas e depois na federal, mas vaia as cotas e sua importante repercussão social.

A elite vaia a corrupção, mas gosta dos tucanos fundadores do mensalão.

A elite mesquinha não suporta a democracia na aviação. Acha que
“voar” é um monopólio seu...

Quer o encarceramento da miséria para limpar a “sujeira” que tanto os desespera.

A elite vaia na copa, pois custa uns 500 para frequentar.

Só a elite vai(a) na copa.

Jayme C.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

aprendizados caninos

Isis: a cachorrinha que me ensinou o approach canino
O amigo “MD” Rafa 16 é pai de uma cachorrinha, Maya Pantufa. Fui à casa da Iara (mãe do Rafa, avó de Pantufa) e a cachorrinha ficou muito ouriçada com a minha chegada. Somos além de sobrinha e tio, amigos! Desde a sua vinda à família 16, sempre que vou lá brinco muito com Pantufa. E como se sabe – quem dá atenção para um cachorrinho lhe será devolvido em carinho. Pantufa prova de uma sensibilidade pelos caninos que desenvolvi há pouco tempo. Tive uma péssima relação com os cachorrinhos que atravessaram a minha vida até idos de março em 2012. Em meu histórico, até certa idade pairava um bizarro medo. Suplantada a fase do medo veio o idiota e insensível argumento racional – cachorro não é gente, não pensa não sente. Era aparecer um cusco em meu caminho eu desviava e ainda resmungava se ele estivesse fora da coleira/guia. Todo esse distanciamento se deu primeiro enquanto excesso de apartamento nas vivências, e depois por opções restritivas ao intelectual. Eis que morei um ano em Brasília e durante esse tempo Isis entrou em minha vida. A mãe de Isis, minha querida ex-namorada Beatriz, debocharia: “ué, você que entrou na vida da Isinha durante esse ano!”, eu imagino... Isis é linda e mega inteligente. Não foi paixão a primeira vista. Porém, em um curto espaço de tempo eu já gostava dela. Relativizei até mesmo a questão de ela subir em nossa cama, temerário da disjunção sempre presente entre pelos e renite. Íamos ao mercado juntos, olhávamos futebol, éramos companheiros, sobretudo quando estávamos apenas os dois juntos. Era impressionante a capacidade cognitiva de Isis, quando, por exemplo, o gerente do mercado pediu que eu não mais entrasse com ela no estabelecimento; a partir daí eu pedia que ela me esperasse à porta e ela sempre compreendia. Percebo o legado de Isis em minha vida principalmente em um aspecto: hoje em dia quando um cão se aproxima tenho um approach com alguma familiaridade canina. E é impressionante como esse primeiro contato com um cachorro desconhecido é decisivo para a afeição recíproca. Ou seja, Isis mudou a minha vida.
Jayme C.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

futebol e finitude

FERNANDÃO: o paradigma de uma geração
 

Tomei um trago de uísque na noite de sexta e acordei com uma ressaca péssima no sábado ao meio dia. Obcecado por notícias e jornalismo que sou, abri o site do Correio do Povo para brevemente ler as últimas entre goles vorazes de água de coco para amenizar a dor de cabeça. Nesse momento tomei conhecimento da finitude de Fernandão. Fiquei chocado. Piorou significativamente o meu estado anímico. A morte sempre me abala, mesmo que não seja uma dor próxima. E essa obviamente é uma dor ao lado, vizinha. Fernandão marcou de uma forma peculiar os torcedores de dois times, os colorados evidentemente, e os gremistas por uma consequência da vida. Lembro-me do gol 1000 naquele grenal de 2004, tarde na qual eu participava do projeto “Ver SUS” no departamento de psicologia da UFRGS. Acompanhei aquela dor pelo radinho de pilha, ao pé do ouvido. Fernandão está para a geração dos meus amigos colorados tal como Jardel está para a adolescência vitoriosa dos gremistas de 30 anos. Com dois adendos, pela justiça dos fatos: Fernandão ganhou o Mundial como jogador e como técnico do time em campo. Fernandão é maior até que D’alessandro. Triunfou no último e mais iluminado degrau que um time de futebol pode chegar: o mundo. Fernandão re-inventou a geração dos meus amigos colorados. E nos colocou enquanto gremistas na rotunda dor dos fracassos, que tanto assolou os vermelhos nos anos 90 do passado. Assim sendo, Fernandão mudou os rumos de uma geração. Fez o velho esgotado desaparecer e instituiu o novo. Será eternamente um paradigma.
Jayme C.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

medo de viver



Diálogo com uma mulher: o medo nos homens.
Eu estava dançando no bar 512 quando uma velha amiga disparou: “li o teu texto sobre as garotas da geração de 20 anos. Acho que tu também podias escrever sobre a falta de coragem dos homens da tua geração, ou seja, os trintões nossos contemporâneos”. Entre goles de uma cerveja gelada naqueles quentes dias do começo de abril, sorri e em um tom leve lhe disse: “fale-me mais...”. O argumento de minha amiga era que muitos homens, que têm mais ou menos 30 anos e supostamente práticas libertárias, temem qualquer ação da mulher quando estão se aproximando. Isto é, esses homens quando estão tentando se permitir alguma intimidade fazem leituras equivocadas das coisas. E assim apenas tentam ter alguma intimidade, mas na prática as couraças criadas pelas más-leituras impedem que se efetive qualquer proximidade real. Dizia minha interlocutora: “Às vezes a gente só tá querendo transar com o cara, mas ele confunde os sinais e acha que estamos querendo o príncipe salvador das mazelas afetivas!”. Quando ela falou isso acendeu uma lamparina em meu marasmo cognitivo. Pensei comigo mesmo – porque será que isto acontece aos homens? Deixei a pergunta amadurecer no tempo. Mudaram as estações. Mudei de casa e de trabalho. Momento propício para sinapses mais sensíveis.
A chuva, a fumaça de sândalo e o Merlot, reacenderam a questão nessa típica noite de inverno na província. Porque por vezes os homens fazem leituras equivocadas ao estarem se aproximando de uma mulher? Fui ao facebook e recordei que ela havia enviado um texto sobre o mesmo ponto, de outro amigo seu e postado no caderno Donna Virtual. Um bom texto! Resolvi chama-la no bate papo do facebook e pedi que me falasse novamente sobre o tema. Ela re-afirmou: “falta de coragem. Ampla. Coragem pra tudo, desde o primeiro passo. Medo do que as coisas simples possam significar. E porque diabos elas tem que significar algo MAIS SÉRIO?! Não dá para deixar de viver por medo de viver...”. Ressalvou ainda a questão do mal interpretado visto por outro ponto solto por aí, ou seja, “tanta gente querendo desesperadamente um pouco de afeto, que qualquer demonstração pode virar um grude.”. E com razão de fato, pois quem nunca esteve nos polos dessa condição?! Enfim, minha ideia é que (noss)as cabeças masculinas estão impregnadas de machismo(s). Os homens não tem um simbólico da mulher empoderada em seus imaginários. São ingenuamente reféns da ideia que “usam”, mas não sacam que também são passíveis de serem “usados”. Talvez essa seja a causa dos homens não conseguirem pensar na mulher querendo apenas coisas simples, tal como o sexo. Ou uma manhã feliz após uma bela noite dividida, como ela finalizou a nossa conversa: “porque eu só encontro olhares de PÂNICO quando o café da manhã está pronto. Acabo tendo que dizer: calma, amigo, não quero casar, só quero ter uma manhã feliz.”.                  
Jayme C., 05/06/2014, 01:47.