terça-feira, 1 de abril de 2014

racismo e futebol



Sobre o racismo no futebol provinciano (crônica de um crioulo gremista)

Quando alguém agride outro alguém pela cor da pele, sempre ressoa em minha mente aquela velha máxima que o Homem é um projeto que não deu certo. Puxa vida, fico impressionado com a capacidade que o ser humano tem de se mostrar vazio. Idiota. Desprezível. Acho tão absurdo o preconceito racial, que não consigo não sentir certa náusea existencial por aquele que assim agride. E vamos ser honestos com o problema. Somos racistas. Nossa linguagem é preconceituosa. Os termos “negros” que usamos denotam sempre coisas ruins. E ainda existem os imbecis que manifestam o seu racismo de forma consciente. Eles estão em todos os lugares. Em todas as classes. Estão soltos por aí no cotidiano. Na torcida do grêmio e na torcida do inter. Eu estava na Arena domingo e senti vergonha alheia por um idiota que vaiava o inter imitando um macaco próximo onde estava sentado. Repito, existem racistas na torcida do colorado também. Hoje em dia não há essa mítica exclusividade que resvala no imaginário de alguns colorados. Eu próprio lembro ter ouvido em um tom escroto um “sai pra lá negão”, durante um jogo de bola em idos de 1996, na sofrida oitava série do colégio Rosário. De um playboy caucasiano e colorado. Infelizmente cânticos que chamam os colorados de macacos são racistas. Infelizmente eles estão impregnados na torcida do grêmio. Sou um torcedor com 23 anos de estádio. Também pela violência de alguns cânticos normalmente opto pelo radinho e o foco no time em campo, ante a manifestações mais exageradas. Aliás, sempre digo: a magia do futebol é maior que qualquer clube em particular. O time é o acesso direto a esse mundo maior que é o futebol como um todo. Entretanto, futebol é apenas futebol. E fala aqui um apaixonado que olha jogo até da segunda divisão gaúcha. Porém, o limite do futebol é muito anterior ao de qualquer integridade de outro ser humano. Física e moral. É tolo escutar como volti-e-meia escutamos: “eu morreria pelo grêmio/inter”. Tais pessoas normalmente são as que colocam em risco a segurança das outras pessoas. São sujeitos vazios e infantis, que não conseguem preencher a própria vida com experiências de valor existencial. E assim precisam da violência contra o outro para se constituírem como sujeitos. Lamentável o racismo. Lamentável a violência no futebol como um todo.
Jayme C.

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