Menos mortos-vivos (sobre protestos e passeatas).
Acordamos em Porto Alegre menos mortos-vivos hoje. Com a sensação de que ainda sabemos na prática o que é a tão corrompida democracia. Quando após a saída da Rua Salgado Filho ingressamos na João Pessoa, avistamos que a marcha já chegava à elevada da João Pessoa e os que lá estavam pulavam e faziam uma onda humana. De esperança na mudança. A passeata desde sempre esteve revestida de significados. E naquela imagem que vinha acompanhada de cânticos e palmas revelou-se uma poesia fora do poema. Dentro das ruas. Tentando tirar a democracia de Congressos e outras cavernas platônicas e transformá-la em algo concreto, vivida como um fato. Há um sentimento de ressaca positiva na cidade. Mesmo alguns setores mais conservadores tiveram as suas sensibilidades tocadas e acharam bonito. Uma esmagadora maioria reivindicando da maneira como a Constituição convida. A violência contra tudo e contra todos é sempre nefasta e abominável de todos os lados. Ontem os policiais deram início para que não se caminhasse nas “imídiações” da Ipiranga com Érico Veríssimo. Jogaram bombas na direção de quem gritava “sem violência” e a partir daí incitaram a minúscula minoria de vândalos irresponsáveis que quebraram lojas, lixeiras e atearam fogo nos ônibus. Porém, na vida é sempre dessa forma. Em todos os grupos temos pessoas que agem com cidadania e as que não. A conquista simbólica do ocorrido ontem à noite já está pressente no brilho do olhar de inúmeras pessoas. E o recado para a classe dirigente está dado. Toda a decisão acerca de políticas públicas que prejudicar a vida das pessoas fará com que a cidade pare. E se passeatas pacíficas forem reprimidas pelo aparato policial, então mais pessoas sairão às ruas para fazer valer a Constituição. Afinal, estamos vivos!
Jayme C
terça-feira, 18 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
quem somos nós?
SOMOS
TODOS MEIO CARENTES
Somos todos meio
carentes. Alguns por mais tempo. Outros de uma forma muito intensa. E tantos
pelas circunstâncias. Cada um do seu jeito, isto é, a partir da sua história.
Entretanto, todos têm esse furo. Quando se é fadigantemente carente, pode se
crer que é uma exclusividade sua. Com um pouco mais de tranquilidade se percebe
que o fenômeno é geral. Algumas pessoas maquiam. Talvez eu seja uma delas. Por
vezes queremos transparecer não ter furos, porém temos dificuldade em somente ser
feliz com o viver a própria vida. Isto é, quando se está feliz, mas ainda falta
(alguma coisa). E o que falta é o reconhecimento do(s) outro(s). Nesse ponto
habita a identificação que compartilha o nosso cotidiano. Não desejamos apenas
o gozo da felicidade, queremos que o mundo nos reconheça enquanto felizes. Por
isso somos meio pilantras no facebook. E não qualifico essa pilantragem com
nenhum juízo de valor, afinal, Nietzsche já nos ajudou a desmascarar a moral enquanto
castigo artificial. Construímos o nosso eu virtual só com os nossos golaços. Só
as nossas fotos azeitadas, os nossos momentos incríveis, o lado bom da vida. Ao
agirmos assim tampouco percebemos que estamos buscando o tal reconhecimento do
outro frente a nossa felicidade. Só assim nos sentimos completos. De onde brota
essa necessidade?
Jayme C.
terça-feira, 4 de junho de 2013
micro-biografia dos amigos parte I
SOBRE O FIFO (micro-biografia dos amigos parte I)
O título só poderia ser esse: sobre o fifo!
Debochado como o seu personagem principal. Ideia do Mateus Massa (o próprio
fifo adaptou o original “Mapa”, devido ao Mateus ser um cara muito legal).
Sobre o fifo primeiro e fundamentalmente deve-se reconhecer a sua inteligência.
Ele estudou bem menos do que algumas pessoas como eu, muito embora seja muito
mais inteligente e perspicaz com relação à vida na prática. E a vida na prática
é onde as coisas acontecem de verdade, concretas, sentidas na pele. Esses dias
fomos ver o bloco da Laje na CCMQ e já semi-embriagados do vinho ele disparou:
“Quem é que quer saber de Foucault?!”, referindo especificamente quando se
está, por exemplo, na noite. E acertou na mosca! Quem convive com o fifo sabe
que ele pratica o maior ensinamento que ganhamos ao compartilhar a sua amizade:
na rua, depois do horário comercial, não se fala sério com quem não se conhece!
Debocha-se (com categoria) e se dá muitas risadas. No máximo se fala sério
brincando – debochando com os fundamentos. Assim, o fifo é uma das pessoas mais
leves para se conviver enquanto amigo. Enquanto amigo, pois, é manifesto, por
vezes, o seu desprezo contra pessoas fake e outros públicos vazios de
sensibilidade. No que eu fecho com ele sem tirar nenhuma crítica, pois também
desprezo a galera blasé do “Uruguai do norte”, maneira dele se referir ao que
chamo a província. Trabalhador pra caralho e responsável ao extremo com as
coisas sérias, o “cavalo” vai muito bem. Chef do excelente restaurante
vegetariano “Mantra” e ainda de quebra percussionista da melhor banda gaúcha no
momento – a Funkalister! A vida nesse aspecto parece saber devolver aqueles que
aprendem com ela. Que enfrentam seus obstáculos e desafios diários. O importante
é achar alguma forma de rir em meio as suas tempestades. Eis o maior legado
dessa amizade.
Jayme C
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