Corinthians,
Libertadores e as “linhas de 4”.
Eu não gosto do Corinthinas enquanto
clube de futebol. Enquanto cartolas que conseguem as coisas com suspeição
pública aos olhos de todos. Todavia, o atual time de Tite merece ser campeão da
América. Time equilibrado e consciente, logo, consistente. Diz um dito do
futebol: “o jogo se ‘ganha’ é no meio-campo”. Assim sendo, vejamos a estrutura
do meio corinthiano. Equilibrado, pois joga com 2 volantes modernos. Ralph,
mais fixo e centralizado, com muita pegada e qualidade; junto com Paulinho,
jogador que reúne força, certa habilidade e mobilidade. Fechando o meio com 2
excelentes articuladores, que aliás já foram campeões da América. E se
complementam em campo. Danilo, versátil e voluntarioso, faz gols e faz com que
todo o lado direito se movimente (até mesmo jogadores simplórios como o lateral
Alessandro). E, Alex, o centro técnico do meio do time, jogador muito técnico,
rápido, e que ainda conta com um preciso arremate. A mecânica de Tite é
perfeita. Faz com que todos joguem. Pois, sem a bola, todos marcam. Os volantes
avançam e jogam, e não apenas marcam (não são quebradores de bola). Alex faz Jorge
Henrique e Fabio Santos trabalharem. Já Danilo, faz com que Alessandro e
Paulinho movimentem as ações pelo lado direito. A mobilidade dos quatro
meio-campistas faz com que eles alternem os lados dessa movimentação ao longo
do jogo. Os 4 juntos, por sempre tentarem jogar o mais próximo do campo do
adversário, marcando ou propondo o jogo, formam a popular linha de 4, que tantos
comentaristas falam, mas nunca enxergam quando comentam o jogo. Devo confessar
que tentei secar o Corinthians contra o Boca. Entretanto, o futebol bem jogado
sempre me cativa e acaba determinando o time que torço ao ver um jogo em que
não o meu Grêmio está ausente. Acho que esse ano, a taça da América
merecidamente acabará descendo no parque São Jorge. São Jorge, aliás, que é
ogum no orixá da Umbanda e do Candomblé. Ogum é o orixá da guerra, capaz de
abrir caminhos. E Que ela seja feita. E o feito corinthiano desta volta da
vida, a América com justiça para contemplar os deuses do futebol. E da vida.
Jayme
Camargo da Silva
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