terça-feira, 24 de julho de 2012

Batman: um americano das trevas ressurge.

Os EUA construíram um império em todos os domínios possíveis. Com relação à indústria cultural, o fenômeno se mostrou uma peça importante na engrenagem da dominação do imaginário de pessoas não estadunidenses. O cinema do Tio Sam, nesse contexto, invadiu os lares de milhões de sujeitos no mundo moderno ocidental. Seu mote, difundir valores, bens de consumo e modos de viver norte-americanos enquanto o correto a guiar as demais pessoas originariamente estrangeiras a esse “modus vivendi”. A relação de força na qual opera o poder, entretanto, confunde controladores e controlados. Gera disfunções. E assim mistura vitimas e vitimados. Heróis e bandidos. Na recente tragédia americana, super-herói e super-bandido. O estudante de 24 anos que entrou disparando armas de fogo contra espectadores em uma sala de Cinema de Aurora, no estado americano do Colorado, mostrou-se um facínora doentio que desconhece o valor da vida humana. Ironicamente, o assassino é estudante de medicina, isto é, deveria estar se preparando para salvar vidas e não para ceifá-las. E mais, trata-se de um típico representante do “american way of life”, ou seja, bem nascido, loiro, magro, futuro médico, olhos claros, tal como nos são apresentados os heróis do cinema estadunidense. Ao passar da ficção da realidade à realidade da ficção, o atirador estava fantasiado de inimigo não só por fora, mas sua fantasia de Coringa estava também no seu imaginário. O cavaleiro das trevas, como o personagem Batman é tradicionalmente referido, fez das trevas lugar de origem e resultado final. Talvez seja esse o preço da ficção fabricada enquanto realidade.  

Jayme Camargo da Silva

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