quarta-feira, 14 de março de 2012

não voe de “webjegue”

Sambinha pós-moderno – pagodinho cosmopolita (não voe de “webjegue”)

Sai de porto alegre às 15 horas com previsão de chegada à Brasilia às 19 horas. Voando pela webjet (doravante webjegue). Havia uma escala prevista para São Paulo no aeroporto de Guarulhos. Ao chegarmos a sampa, por volta das 17 horas, fomos informados que a conexão do nosso voo para Brasília já havia decolado. E sem maiores justificativas para tal. E que iríamos com um voo da Tam que partiria às 18 e 35. Quando estávamos nos dirigindo para o check in fiquei para trás, pois carregava comigo 83 kg de bagagem. É o preço de estar mudando de habitat. Detalhe, eu não sabia para onde o funcionário da webjegue estava levando as pessoas. E fiquei para trás. Tive que atacar um transeunte e pedir que desse uma olhada nas minhas malas, enquanto eu me despenquei correndo no meio do aeroporto para alcançar o tal funcionário e lhe solicitar que me esperasse. Daí em diante ocorreu um grave descaso da webjegue para conosco. O voo das 18 e 35 da Tam estava encerrado. Não havia previsão de quando partiríamos. Cogitou-se até pernoitarmos em um hotel e rumar à capital apenas no outro dia. Ficamos jogados no meio do aeroporto, em pé, sem água ou qualquer espécie de cuidado pelos funcionários da webjegue. Havia duas crianças de colo entre nós. Ficamos parados quase duas horas ali, sendo tratados sem a menor consideração pela empresa aérea prestadora do serviço.

A crise nos uniu. Solidários uns com os outros passamos a conversar e questionar qual medida adotaríamos. Resolvemos que acionaríamos o juizado especial cível ao chegarmos ao aeroporto em Brasília. O funcionário da webjegue nos trouxe vauchers para jantarmos em um restaurante do aeroporto. Nosso voo sairia para o nosso destino as 21 e 25. Jantamos e acabamos todos tomados pelo companheirismo na dificuldade. Após o desjejum fui fumar um cigarrinho digestivo antes de embarcar. E aí que a harmonia pós-moderna (cosmopolita) de São Paulo me cativou. Na frente do portão onde parei, o primeiro taxista da fila estava tocando um cavaquinho e cantando uns partidos de primeira em pleno aeroporto. E o detalhe: um dos fiscais cantando junto. Eles tocaram a meu pedido “água de chuva no mar”, da Beth Carvalho, e outros sambas do Fundo de Quintal. Tudo acontecendo na mais plena paz. Sem grandes olhares surpresos ou de reprovação. Foi um gabarito. Não pude deixar de ligar para o meu amor e cantarolar no acústico em Guarulhos – “o meu coração hoje tem paz, decepção ficou para trás, eu encontrei um grande amor, felicidade enfim chegou...”. Foi aí que me indaguei – quando isso aconteceria no aeroporto da província, o nosso comportado Salgado Filho?! Fiquei imaginando a cara que a galera fechada da província faria para nós caso lá acontecesse o mesmo fato. Pois assim, fica a dica, se você é um bom sujeito e gosta de samba, ao chegar a Guarulhos, procure o taxista-cavaquinista Sérgio, santista de carteirinha, e o seu carro número 119c. Com ele até o serviço mal prestado pela webjegue conseguiu ser superado. Uma questão de ser bom da cabeça e não ser doente do pé.

Jayme Camargo da Silva, as 22 e 44 do dia 10/03/2012, a bordo do voo JJ3180 (da Tam).

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