segunda-feira, 18 de julho de 2011

nunca tive lugar


Nunca tive lugar.
Sempre me senti um fora-de-lugar.
Talvez por trazer na essência a história de minha existência.
Todos temos marcas.
Nossas tatuagens são nossa primeira pele embora não a enxergamos.
Cada vez enxergamos menos uns aos outros.
A janela da alma está cega.
Cegonha que não chega – ninguém nasce mais.
Somos consumidores da vida.
Consumo e dores.
De consumidores da vida a vida de consumidores.
Dores.
Não há cura em lojas de conveniência.
O racionalismo sacrifica em massa.
Pessoas que não comem nada.
Massa que sobra e vai pro lixo em guetos e restaurantes.
Luxo que sobra e vai todo à mesa de madames.
Damas da ilusão.
Lixo e luxo se confundem para sua desilusão.
É o preço da vida de plástico
de toda lógica da dominação.


Jayme Camargo

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