ao último grande amigo,
Mauricio Saldanha,
pelo insight do tema.
Quem nunca cobrou por amor?
Nós cobramos amor quando sentimos saudade. Cobramos amor quando ligamos, não somos atendidos e não temos re-torno. Cobramos amor quando chamamos no MSN e somos colocados em estado ausente. Cobramos amor quando sentimos falta. Cobramos amor quando o amor nos cobra uma atitude. Cobramos amor, também, ao vermos crianças nas ruas. Cobramos amor quando reclamamos presença. Cobramos amor quando nosso sentimento nos cobra. Cobramos por amor, quando cobramos que o outro leve um agasalho. Cobramos quando por amor desejamos que o outro nos agasalhe. Cobramos amor quando a melancolia de fim de domingo nos chega. Cobramos amor no vinho das noites de inverno. Cobramos um amor de verão para dividir calor. Cobramos flores não só na primavera. Cobramos vida no cotidiano a dois. Cobramos da vida ter um outro para que sejamos dois. Cobramos que com o tempo esses dois se transformem em três, ou, quatro. Cobramos a paz num tempo de tantas guerras. Mas também cobramos guerra, quando acomodados não evoluímos na paz. Cobramos um amor em letras garrafais. Cobramos amor quando jogados à rejeição. Cobramos na lembrança um amor que já foi. Cobramos do futuro um amor que será. Mas o que será que cobramos, será que um dia será? Cobramos locomoção quando estamos amarrados. Cobramos liberdade quando presos. E cobramos algemas quando apaixonados. Cobramos da paixão que se transforme em amor. E Cobramos paixão quando estamos entediados. Cobramos poesia sem que seja chata. Cobramos critérios para que sejam respeitados. Cobramos respeito quando nos relacionamos. Cobramos relações que tenham na essência sua verdade. Cobramos que as pessoas tenham coragem de suas idéias. Cobramos sensibilidade no jeito. Cobramos tolerância com nossos medos e carências. Cobramos que as pessoas assumam a sua existência. Cobramos autenticidade no pensamento. Cobramos amor para habitar em conjunto. Cobramos amor na divisão dos mundos. Cobramos que esse seja o melhor dos mundos possíveis. Cobramos transparência no desejo. Cobramos todos os dias, na esperança de por amor também sermos cobrados...
Jayme Camargo – outono de dois mil e dê
Gênio.
ResponderExcluirBelíssimo texto!
ResponderExcluirDivulgando agora mesmo...
poh Jayme, tu só escreve nesse blog e nunca fala comigo no msn?
ResponderExcluireheheh... brincadeira, sem cobranças na pós-modernidade!
bjos