quinta-feira, 1 de abril de 2010

O desejo da voz...


O desejo da voz...


Queria poder te ouvir e me deleitar com as palavras que emanariam da tua alma.

Seria como depois de uma tempestade

poder provar o sol refletido na grama

por sobre onde deitaríamos nossos corpos.

Ou como o arrepio que sentimos quando mergulhamos

ainda secos às profundidades dos mares.

Desde o primeiro instante no qual olhei para a imagem do teu olho

minhas retinas resignificaram-se com novos sentimentos.

Agora meus ouvidos clamam pela mesma atenção

e rogam pelas palavras sussurradas

e pelos poemas falados que constituem o cotidiano e suas minúcias.

Deves adorar o cotidiano?!

Pois sinto que teu espírito está entregue ao teu corpo

mas que teu corpo pertence aos pequenos desvãos da linguagem cotidiana.

Pequenos lugares são diferente de lugares pequenos.

Pequenos lugares reconfortam nossa alma

mesmo quando a angústia nos corta as palavras.

Afinal, essa pá-que-lavra

e dá sentido ao mundo

retirando-o de seu silêncio mudo

que constitui o começo de tudo.

A palavra.

Se pudesse, não te daria apenas a minha palavra

mas daria todas as palavras que conseguissem conduzir os sentimentos que as perfazem.

Daria-te, também, mais que a fala

daria meu silêncio para que tu abrisses teu coração

e que ele pulsasse teu sentimento nu.

Nossa nudez não seria castigada.

Nossos sonhos nossa condição de possibilidade.

Nossa transa - um emaranhado de carinho, paixão e sensibilidade.

É terna a mente que ouve seu coração.

Teu coração eternamente.

Jayme Camargo

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