O desejo da voz...
Queria poder te ouvir e me deleitar com as palavras que emanariam da tua alma.
Seria como depois de uma tempestade
poder provar o sol refletido na grama
por sobre onde deitaríamos nossos corpos.
Ou como o arrepio que sentimos quando mergulhamos
ainda secos às profundidades dos mares.
Desde o primeiro instante no qual olhei para a imagem do teu olho
minhas retinas resignificaram-se com novos sentimentos.
Agora meus ouvidos clamam pela mesma atenção
e rogam pelas palavras sussurradas
e pelos poemas falados que constituem o cotidiano e suas minúcias.
Deves adorar o cotidiano?!
Pois sinto que teu espírito está entregue ao teu corpo
mas que teu corpo pertence aos pequenos desvãos da linguagem cotidiana.
Pequenos lugares são diferente de lugares pequenos.
Pequenos lugares reconfortam nossa alma
mesmo quando a angústia nos corta as palavras.
Afinal, essa pá-que-lavra
e dá sentido ao mundo
retirando-o de seu silêncio mudo
que constitui o começo de tudo.
A palavra.
Se pudesse, não te daria apenas a minha palavra
mas daria todas as palavras que conseguissem conduzir os sentimentos que as perfazem.
Daria-te, também, mais que a fala
daria meu silêncio para que tu abrisses teu coração
e que ele pulsasse teu sentimento nu.
Nossa nudez não seria castigada.
Nossos sonhos nossa condição de possibilidade.
Nossa transa - um emaranhado de carinho, paixão e sensibilidade.
É terna a mente que ouve seu coração.
Teu coração eternamente.
Jayme Camargo
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