terça-feira, 18 de agosto de 2015

amigos amores

CINCO ANOS SEM AMAR
Um grande amigo está gostando de uma garota. Fazia cinco anos que ele não gostava de ninguém. Esses últimos anos conferiram intimidade a nossa amizade. Ele é um sujeito encantador que carrega como marca existencial algo como um cosmopolitismo sustentável. A sua força cósmica é a consequência de seus anos habitando em diferentes culturas do mundo. Cosmos designa mundo em grego antigo, e no seu caso revela o ganho que a sua sensibilidade teve em contato com a diferença.
A partir desse contexto, meu amigo desenvolve uma política existencial da sustentabilidade. Política enquanto a arte de reger as relações no cotidiano, isto é, o seu modo de ser sempre acontece visando o equilíbrio sustentável. Não me refiro à sustentabilidade, restritamente, em sua relação com o “Ecos” natural. A sustentabilidade emocional é uma das grandes armas da alma de meu confrade.
Durante esses ricos anos em que nos aproximamos o escutei diversas vezes defendendo que não estava preparado para gostar de alguém. Em suas palavras: “tem que rolar a conexão... Sem a conexão natural e espontânea das energias é difícil gostar verdadeiramente de alguém”. Obviamente, essa conexão não pode ser colorida artificialmente, sob pena de a relação ser quebrada por qualquer brisa mais forte. “Zini” evitou maduramente projetar conexões. Além de ser maravilhoso subjetivamente, também é bonito, o que resultou em diversas possíveis ciladas que não entrou, porque sabia que não era amor, ou seja: a sua sensibilidade não havia se conectado com a das mulheres que atravessaram o seu caminho...
A tranquilidade de Zini garantiu que ele se fortalecesse sem bengalas existenciais. Desde que voltei à Poa ele é dos amigos que eu mais convivo. Tenho muita admiração pelas suas múltiplas inteligências e pelos maravilhosos momentos divididos. Ontem, tomávamos um café e conversávamos sobre todos esses argumentos, quando ele disparou a frase que me retirou do marasmo escritural e me estruturou previamente o sentido: “Puxa vida, Jayminho, fazia cinco anos que eu não gostava de alguém”. Isto é, ele se preparou cinco anos para poder gostar verdadeiramente de alguém. Quis o destino que eu estivesse próximo nesse seu encontro com a tal garota, uma querida amiga de outras vidas cuja amizade já está “encarnada”. Uma semana atrás, eu refletia com ela: “o Zini é muito massa, ele é maduro emocionalmente, tá prontinho para gostar verdadeiramente de alguém”. A essa altura ainda não sabia – que foram cinco anos para amar...
Jayme C.

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