sábado, 5 de julho de 2014

carinho



                     Para a “siiiiiiiiiim” (é claro).

SOBRE CAFÉS & MANHÃS (o carinho desapegado)
Passei o último mês em POA na condição cotidiana que mais gosto, isto é, a de (pseudo) antropólogo urbano. O foco de análise recaiu sobretudo na noite da CB e seus desvãos afetivos. Re-colhi um farto material. Desde o texto que escrevi sobre o diálogo que tive com uma amiga, a menção ao “café da manhã” fruto de um pós-noite dionisíaco, passou a ser um deboche corrente entre os amigos. Era surgir algum evento festivo e já vinha uma mensagem no grupo do “zap-zap”: “quero noite e café da manhã!”. O ponto é o carinho desapegado. Ou seja, mesmo que o encontro afetivo dure só uma noite, não há razão para não sermos carinhosos. Parece óbvia essa micro tese, ao passo que se escolhemos dividir algumas horas da nossa vida com o dito cujo que estamos ficando, um mínimo de delicadeza deve haver. Ora, quem não tem competência que não se estabeleça, relembrava a referida amiga em minha festa de despedida. E nesse contexto competência significa diversas questões. Primeiro que o sujeito tenha a sensibilidade de não confundir carinho com promessa de casamento. Carinho é coisa do ser humano (de alguns); e o casamento, ao menos em meu poluído imaginário, remete a seguinte cadeia de conexões: noivas-->padres-->igrejas-->Deus-->morte. As duas últimas no sentido nietzscheano dos termos!

Enfim, a sensibilidade de fazer a leitura correta do carinho deve ser de quem dá e de quem recebe. Aliás, quem não gosta de carinho bom sujeito não é. No mínimo é mal resolvido. Isso faz lembrar um amigo que estava ficando com uma garota de uns 26 anos que lhe disse não gostar de carinho. Ele, nego-véio no pagode, não deixou de perceber a loucura da garota e logo transformou a “ficância” em amizade. Legal que esse amigo e a amiga do diálogo acabaram ficando em uma festa. Acho que se curtiram, pois se encontraram no carinho desapegado. O mais incrível é quando o carinho desapegado é vivido com tanta maturidade que se transmuta em “eternidade descompromissada”. É o último degrau antes da paixão. Daí a cadeia é outra: categoria-nas-práticas-->encantamento-->eternidade descompromissada-->paixão. Meu último café da manhã em POA fez perceber essa última cadeia de fatos. Era para ser só uma cervejinha, mas virou uma viagem para dentro da gente. Nessa frase estamos conjugados. Caetano não teria deixado de cantar essa condição da alma: “tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo...”.
Jayme C., de SLZ para POA, 05/07/2014, 02:24.

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