sexta-feira, 7 de março de 2014

psicodália

CORAÇÃO, CABEÇA & SEXO (crônica de um festival).
O encontro se deu em um festival de música. Shows maravilhosos marcaram aqueles dias. Tom Zé, Moraes Moreira, Yamandu Costa e outros garantiram a catarse coletiva. No tempo dos acontecimentos a diferença de idade entre eles chamou a atenção do rapaz. Nos seus 30 anos poucas jovens tinham dado bola para ele. Talvez pela sua feiura e “interessância” somadas. A primeira condição fazia com que não se interessassem por ele; a segunda, que não acompanhassem o seu raciocínio sagaz e debochado. Ela estava sentada em um bar chamado Saloon. Ele estava passando quando a olhou e imediatamente invadiu aquele semblante que lhe parecia familiar. Conspirando em favor deles a vida fez com que aparecesse uma cadeira quase colada a cadeira onde ela estava. Ele percebeu que esse era o momento de se aproximar. Sentou ao seu lado e assim conversaram. Nesse momento confirmou pelos traços do seu rosto que ela de fato era jovem. Pelo seu papo, entretanto, desvelou a sua maturidade precoce. Ele semeou inúmeros sorrisos nela. O sorriso da garota era deveras belo e encantador. Tentou um approach e recebeu uma negativa. Tentou novamente e cogitou a desistência. Como o festival estava no fim resolveu tentar novamente. Abriu seus sentimentos e mostrou a ela que havia poesia naquele movimento e não apenas pau duro. Ela não o beijou, mas o convidou para darem uma volta. Caminharam e trocaram afinidades. Tocaram-se interiormente. Quando estavam no meio do caminho entre as suas barracas, ele novamente tentou beijá-la. Ela se esquivou, mas com menos distância que das outras vezes. Ele disse: “desculpa se estou sendo chato e insistente, mas como não temos muito tempo estou bancando esse desejo; em outras circunstâncias agiria com menos ansiedade”. Ela sorriu demonstrando estar se cativando. Ele se aproximou e distribuiu inúmeros beijinhos em seu pescoço. Ela finalmente se entregou. Foram à barraca dele e se jogaram no dionisíaco. O sexo foi incrível. Trocaram elogios pela pegada existencial de cada um. Ficaram grudados o resto do tempo até a despedida. Aquilo que era receio da parte dela se transformou em um fulgurante carinho. Ela disse: “você também me parece familiar, mas parece muitas pessoas juntas e ao mesmo passo nenhuma delas; vou sentir saudades de você...”. Ele não a poupou de carinhos. Ela se sentiu venerada e feliz. Partiram cada um para a sua cidade carregando um ao outro no coração, cabeça e sexos.
Jayme C.psicodália

Nenhum comentário:

Postar um comentário