CORAÇÃO, CABEÇA & SEXO (crônica de um festival).
O encontro se deu em um festival de música. Shows maravilhosos marcaram
aqueles dias. Tom Zé, Moraes Moreira, Yamandu Costa e outros garantiram
a catarse coletiva. No tempo dos acontecimentos a diferença de idade
entre eles chamou a atenção do rapaz. Nos seus 30 anos poucas jovens
tinham dado bola para ele. Talvez pela sua feiura e “interessância” somadas.
A primeira condição fazia com que não se interessassem por ele; a
segunda, que não acompanhassem o seu raciocínio sagaz e debochado. Ela
estava sentada em um bar chamado Saloon. Ele estava passando quando a
olhou e imediatamente invadiu aquele semblante que lhe parecia familiar.
Conspirando em favor deles a vida fez com que aparecesse uma cadeira
quase colada a cadeira onde ela estava. Ele percebeu que esse era o
momento de se aproximar. Sentou ao seu lado e assim conversaram. Nesse
momento confirmou pelos traços do seu rosto que ela de fato era jovem.
Pelo seu papo, entretanto, desvelou a sua maturidade precoce. Ele semeou
inúmeros sorrisos nela. O sorriso da garota era deveras belo e
encantador. Tentou um approach e recebeu uma negativa. Tentou novamente e
cogitou a desistência. Como o festival estava no fim resolveu tentar
novamente. Abriu seus sentimentos e mostrou a ela que havia poesia
naquele movimento e não apenas pau duro. Ela não o beijou, mas o
convidou para darem uma volta. Caminharam e trocaram afinidades.
Tocaram-se interiormente. Quando estavam no meio do caminho entre as
suas barracas, ele novamente tentou beijá-la. Ela se esquivou, mas com
menos distância que das outras vezes. Ele disse: “desculpa se estou
sendo chato e insistente, mas como não temos muito tempo estou bancando
esse desejo; em outras circunstâncias agiria com menos ansiedade”. Ela
sorriu demonstrando estar se cativando. Ele se aproximou e distribuiu
inúmeros beijinhos em seu pescoço. Ela finalmente se entregou. Foram à
barraca dele e se jogaram no dionisíaco. O sexo foi incrível. Trocaram
elogios pela pegada existencial de cada um. Ficaram grudados o resto do
tempo até a despedida. Aquilo que era receio da parte dela se
transformou em um fulgurante carinho. Ela disse: “você também me parece
familiar, mas parece muitas pessoas juntas e ao mesmo passo nenhuma
delas; vou sentir saudades de você...”. Ele não a poupou de carinhos.
Ela se sentiu venerada e feliz. Partiram cada um para a sua cidade
carregando um ao outro no coração, cabeça e sexos.
Jayme C.psicodália
sexta-feira, 7 de março de 2014
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