sexta-feira, 15 de março de 2013

o papa não é pop



Nos livramos de uma bronca – sobre o papa não ser brasileiro (e muito menos gaúcho)

O fato do papa escolhido ser argentino e não brasileiro (e muito menos gaúcho) pode ter nos livrado de uma complicada bronca. Se o principal líder da igreja católica fosse brasileiro, então talvez pudéssemos viver uma pequena ditadura de suas opiniões acerca de determinados temas. Não esqueçamos os temas que necessariamente o papa sempre fala: aborto, eutanásia, casamentos homoafetivos, drogas, pena de morte, dentre mais alguns de igual envergadura. A ingerência de um papa em nossos assuntos dessa ordem poderia ser maléfica em questões tão delicadas, visto que pequenos avanços verificados em nossa sociedade poderiam ser revogados. Se de fato acontecesse, seria uma bronca terrível. Os católicos, desgastados pelo seu contumaz apequenamento desde o fim do século XX, cresceriam novamente falando em nome do papa. Quiçá tentassem voltar a usufruir das relações de poder em um nível mais despótico, tal como fizeram na história do século passado. Só que dessa vez fariam em um nível tecnológico, no embalo de nossa época e sua vida on line. No Rio Grande do Sul, o fervor provinciano-bairrista seria desgovernado. Seria um orgulho extraterrestre. E quem sabe uma influência maior ainda, dado o bairrismo dos gaúchos em sua costumeira autoconsideração como a “terra prometida”. Os gaúchos poderiam finalmente bradar a sua verdade como a verdade de todos: ucho, ucho, ucho, o papa é gaúcho! Tudo isso pode ser apenas mais um delírio (na província). Porém, talvez não. Na dúvida prefiro ver a igreja católica ou renovar-se, ou estar bem longe das questões essenciais na sociedade brasileira.

Jayme C.     

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