Batman: um americano das trevas ressurge.
Os EUA construíram um império em todos os domínios possíveis. Com relação à indústria cultural, o fenômeno se mostrou uma peça importante na engrenagem da dominação do imaginário de pessoas não estadunidenses. O cinema do Tio Sam, nesse contexto, invadiu os lares de milhões de sujeitos no mundo moderno ocidental. Seu mote, difundir valores, bens de consumo e modos de viver norte-americanos enquanto o correto a guiar as demais pessoas originariamente estrangeiras a esse “modus vivendi”. A relação de força na qual opera o poder, entretanto, confunde controladores e controlados. Gera disfunções. E assim mistura vitimas e vitimados. Heróis e bandidos. Na recente tragédia americana, super-herói e super-bandido. O estudante de 24 anos que entrou disparando armas de fogo contra espectadores em uma sala de Cinema de Aurora, no estado americano do Colorado, mostrou-se um facínora doentio que desconhece o valor da vida humana. Ironicamente, o assassino é estudante de medicina, isto é, deveria estar se preparando para salvar vidas e não para ceifá-las. E mais, trata-se de um típico representante do “american way of life”, ou seja, bem nascido, loiro, magro, futuro médico, olhos claros, tal como nos são apresentados os heróis do cinema estadunidense. Ao passar da ficção da realidade à realidade da ficção, o atirador estava fantasiado de inimigo não só por fora, mas sua fantasia de Coringa estava também no seu imaginário. O cavaleiro das trevas, como o personagem Batman é tradicionalmente referido, fez das trevas lugar de origem e resultado final. Talvez seja esse o preço da ficção fabricada enquanto realidade.
Jayme Camargo da Silva
terça-feira, 24 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
Sobre o "deus" de José Saramago
Sobre o "deus" de José Saramago
Da recente leitura de José Saramago, "Caim": Saramago, tal como fizera no "Evangelho segundo jesus cristo", ao construir o personagem "deus", reinterpreta a metáfora bíblca partindo da inversão de uma premissa. Se o homem é feito imagem e semelhança de Deus, então deus pode ser humanizado e transformado em personagem agente. Assim sendo, o deus de "Caim" e do "Evangelho" é responsável direto pelas mazelas de/do ser humano. Saramago constitui um deus egoísta, vaidoso e cruel. Daí a nossa condição humana, se levamos em conta o argumento sobre a origem da vida calcado na liturgia da revelação.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Corinthians,
Libertadores e as “linhas de 4”.
Eu não gosto do Corinthinas enquanto
clube de futebol. Enquanto cartolas que conseguem as coisas com suspeição
pública aos olhos de todos. Todavia, o atual time de Tite merece ser campeão da
América. Time equilibrado e consciente, logo, consistente. Diz um dito do
futebol: “o jogo se ‘ganha’ é no meio-campo”. Assim sendo, vejamos a estrutura
do meio corinthiano. Equilibrado, pois joga com 2 volantes modernos. Ralph,
mais fixo e centralizado, com muita pegada e qualidade; junto com Paulinho,
jogador que reúne força, certa habilidade e mobilidade. Fechando o meio com 2
excelentes articuladores, que aliás já foram campeões da América. E se
complementam em campo. Danilo, versátil e voluntarioso, faz gols e faz com que
todo o lado direito se movimente (até mesmo jogadores simplórios como o lateral
Alessandro). E, Alex, o centro técnico do meio do time, jogador muito técnico,
rápido, e que ainda conta com um preciso arremate. A mecânica de Tite é
perfeita. Faz com que todos joguem. Pois, sem a bola, todos marcam. Os volantes
avançam e jogam, e não apenas marcam (não são quebradores de bola). Alex faz Jorge
Henrique e Fabio Santos trabalharem. Já Danilo, faz com que Alessandro e
Paulinho movimentem as ações pelo lado direito. A mobilidade dos quatro
meio-campistas faz com que eles alternem os lados dessa movimentação ao longo
do jogo. Os 4 juntos, por sempre tentarem jogar o mais próximo do campo do
adversário, marcando ou propondo o jogo, formam a popular linha de 4, que tantos
comentaristas falam, mas nunca enxergam quando comentam o jogo. Devo confessar
que tentei secar o Corinthians contra o Boca. Entretanto, o futebol bem jogado
sempre me cativa e acaba determinando o time que torço ao ver um jogo em que
não o meu Grêmio está ausente. Acho que esse ano, a taça da América
merecidamente acabará descendo no parque São Jorge. São Jorge, aliás, que é
ogum no orixá da Umbanda e do Candomblé. Ogum é o orixá da guerra, capaz de
abrir caminhos. E Que ela seja feita. E o feito corinthiano desta volta da
vida, a América com justiça para contemplar os deuses do futebol. E da vida.
Jayme
Camargo da Silva
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