terça-feira, 31 de janeiro de 2012

direitos humanos - sobre "memória, justiça e verdade"

“Para a era sem porvir, só o passado tem futuro”

N. B. Peixoto – M. C. Olalquiaga

Um argumento a favor de “memória, justiça e verdade”.

Uma das principais teses da filosofia contemporânea é que a verdade é sempre histórica. Segundo esses autores, nosso cotidiano é composto por vivências que são sempre vivências da época histórica que estamos inseridos. Por exemplo, automóveis, rodovias, semáforos e placas de sinalização são instrumentos que utilizamos para vivenciar o transito. O transito, em sua essência, não é um objeto, porém um instrumento que torna possível um determinado modo de viver o cotidiano; nesse caso, quando precisamos nos deslocar de um lugar para outro no espaço em que vivemos. Não há nada mais verdadeiro que as nossas vivências cotidianas, pois nelas existimos concretamente. Dessa forma, se as vivências se dão a partir de instrumentos históricos, e ao mesmo tempo nos são o mais verdadeiro, então o mais verdadeiro também deve ser histórico. A verdade é histórica. Nesse horizonte, o governo brasileiro através da secretaria nacional de direitos humanos está implementando as comissões da Verdade – para apuração dos fatos ocorridos durante os anos de estado de exceção no Brasil. Tornar pública a verdade dos acontecimentos em nossa história é um direito humano que se materializa enquanto direito à memória. A importância desse instrumento histórico está em evitar que o horror da ditadura se repita a partir da informação das novas gerações. A memória da verdade se mostra como o instrumento histórico da justiça. Rememorar o cotidiano vivido durante os “anos de chumbo” está organicamente enraizado em nossa condição humana. É a nossa vivência histórica.

Jayme Camargo da Silva – Fórum Social Temático 2012

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