A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se impõem a todos.
Maquiavel
Tonho crocco e a antropofagia da Gang da Matriz
Tonho crocco colocou no ar o vídeo – Gang da Matriz – oportunamente criticando o aumento de 73% que 36 deputados estaduais deram a si mesmos. Impressionante a agilidade de Tonho, na medida que todo o movimento indecente dos 36 caciques foi um rápido ritual. Assim, Tonho teve que ser veloz na construção mental da rima, como também na produção do vídeo. Pois, realizou seu ato de cidadania com a competência e sagacidade que lhe são próprias. Nunca fui muito próximo de Tonho, embora tenha sido apresentado a ele por um velho amigo em comum. De lá para cá sempre fiquei com a atenção chamada para a sua simplicidade e humildade. Sabemos como existem pessoas afetadas pelo mundo da fama. Tonho passa “Longes” disso, para usar o termo de Vitor Ramil, outro grande valor da província que, guardadas as diferenças com Tonho, esbanja a mesma categoria. O vídeo-protesto é uma intervenção. Aliás, a mais instigante intervenção que se viu na província em relação ao “crime” da gang da matriz. Tonho acertou em cheio. Da melodia dos Beastie Boys ao “toniolo vive” pichado em seu quarto. Um autêntico cidadão exercendo a arte como um modo de fazer política. Política no cotidiano e a partir do cotidiano. Casualmente me criei no Alto da bronze e é lá que voto em dia de eleição. Devíamos ouvir a musica de Tonho sempre que estivéssemos nos dirigindo às urnas. Comentei ao ver o vídeo a primeira vez que havia lampejos de antropologia em sua base. Na última quinta fui ao show de Tonho no Ocidente e comentei o mesmo com ele. Sorrindo ele me disse: “é antropofagia”. Na hora concordei. De fato, se o protesto vira intervenção, a antropologia assume ares de antropofagia. Diz a lei do antropófago que “só interessa o que não é meu”. É exatamente esse o horizonte da canção “Gang da matriz”. É exatamente às avessas o comportamento dos integrantes da gang – para eles, pois, só interessa o que é seu! Antropofágico Tonho, conseguiu fazer algo genuíno a partir da assimilação das muitas diferenças que constituem nossa cultura. É preciso descolonizar a forma e o conteúdo como a intervenção do vídeo o realiza. É importante destacar, para finalizar, que na etimologia grega de antropofagia, está a condição humana de mastigar aos próprios homens. Creio que Tonho tenha mostrado uma forma de defender o interesse público dos 36 canibais integrantes da gang da matriz.
Jayme Camargo da Silva – mestrando em filosofia
Jayme, obrigado pelo apoio, pelo belo texto e pela síntese perfeita entre jornalismo, direito, política e filosofia.
ResponderExcluirForte abraço.
Tonho Crocco
essa gangue é barra pesada mesmo...talvez o tiririca seja o único representante do povo de verdade,ou seja : um palhaço.
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