ao Lorenzo Ribas, pela formatura,
mas também pela "existência" na poesia.
mas também pela "existência" na poesia.
(a despeito de não ser uma tradição dos delírios na província, o post abaixo não é próprio, mas do genial poeta Ferreira Gullar)
depois de seis dias ausente da província - mas presente à encantadora praia da Gamboa, cheguei ontem ao começo da noite, e ainda na free way recebi a ligação do querido amigo Lorenzo Ribas, relatando que havia recebido o "canudo" pela conclusão do curso de filosofia na UFRGS. bebemos no Parangolé e, em um dado momento, Lorenzo recitou esse belo poema de Ferreira Gullar sobre o verão, mas em especial sobre fevereiro...
VERÃO
Este fevereiro azul
como a chama da paixão
nascido com a morte certa
com prevista duração
deflagra suas manhãs
sobre as montanhas e o mar
com o desatino de tudo
que está para se acabar.
A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida.
Mas como tudo que vive
não desiste de viver,
fevereiro não desiste:
vai morrer, não quer morrer.
E a luta da resistência
se trava em todo lugar:
por cima dos edifícios
por sobre as águas do mar.
O vento que empurra a tarde
arrasta a fera ferida,
rasga-lhe o corpo de nuvens,
dessangra-a sobre a Avenida
Vieira Souto e o Arpoador
numa ampla emorragia.
Suja de sangue as montanhas
tinge as águas da baía.
E nesse esquartejamento
a que outros chamam verão,
fevereiro ainda em agonia
resiste mordendo o chão.
Sim, fevereiro resiste
como uma fera ferida.
É essa esperança doida
que é o próprio nome da vida.
Vai morrer, não quer morrer.
Se apega a tudo que existe:
na areia, no mar, na relva,
no meu coração - resiste.
Como analizar esse poema ?
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