sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

amor & amizade

As lágrimas da amizade

No fim do ano de 2010, um episódio vivido com um amigo constituiu muito significado para nossa amizade. Ele chegou entristecido à minha antiga casa (Bombonera do jaymim), devido ao término de seu relacionamento. Naquele momento, ao me escolher para dividir as suas lágrimas e abrir o coração, percebi o quão importante eu era para ele. Nas amizades em geral, é um momento lindo quando sentimos a concretude do amor fraternal vindo do outro.

A sua tristeza era justa. Tratava-se de um sentimento que sempre repousa sobre os que gostam e se separam em algum momento. Naquela tarde/noite eu lhe disse que ele encontraria uma pessoa muito mais afinada com o mundo dele, e não deu outra. Sua atual namorada é uma mulher incrível e os dois formam um dos mais lindos e inteligentes casais que conheço. Entretanto, um chamamento à realidade foi feito, ao passo que após um momento de projeção/representação de amor, esse era o melhor horizonte para o meu querido amigo.

Minha principal preocupação com meu irmão era que ele desconstruísse a figura de sua ex. Que ele passasse a perceber as incompatibilidades entre eles, bem como as múltiplas possibilidades que estavam abrindo-se a partir daquele rompimento.  Com muita polidez, tentei demonstrar como existiam diferenças fundamentais no modo de levarem o cotidiano. Sem estabelecer juízos morais sobre ela, preocupei-me em destacar as múltiplas dificuldades que a diferença de maturidades gerava. Não que ele ou ela fossem muito mais maduros um que o outro. Porém, diversas vezes, acontece das pessoas terem maturidades distintas entre si. E caso não ocorra o encaixe complementar das maturidades, pode acarretar em incompatibilidades de mundos.

Anos depois, com nossa amizade já muito sólida, pelo grande acúmulo de maravilhosas experiências divididas (alegrias e dificuldades), mudamos os papéis e foi ele quem me amparou. Muito massa, que naqueles dias “cinzas”, ele ficou muito preocupado comigo, mesmo estando cheio de afazeres e responsabilidades. Senti o cutuco da vida, tal como elepois as projeções divididas eram muitas. Sua longa fala foi no mesmo horizonte da que eu tive com ele anos antes.  Com muita categoria me auxiliou na desconstrução que deveria ser feita. Deixando-me apenas com uma interrogação: por que é tão delicado lidarmos com as nossas próprias projeções de amor?

Jayme C.

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