As lágrimas da amizade
No fim do ano de 2010, um episódio
vivido com um amigo constituiu muito significado para nossa amizade. Ele chegou entristecido à minha antiga casa (Bombonera do
jaymim), devido ao término de seu relacionamento. Naquele momento, ao me
escolher para dividir as suas lágrimas e abrir o coração, percebi o quão
importante eu era para ele. Nas amizades em geral, é um momento lindo quando
sentimos a concretude do amor fraternal vindo do outro.
A sua
tristeza era justa. Tratava-se de um sentimento que sempre repousa sobre os que
gostam e se separam em algum momento. Naquela tarde/noite eu lhe disse que ele encontraria uma pessoa muito
mais afinada com o mundo dele, e não deu outra. Sua atual namorada é uma mulher
incrível e os dois formam um dos mais lindos e inteligentes casais que conheço.
Entretanto, um chamamento à realidade
foi feito, ao passo que após um momento de projeção/representação de amor, esse
era o melhor horizonte para o meu querido amigo.
Minha
principal preocupação com meu irmão era que ele desconstruísse a figura de sua
ex. Que ele passasse a perceber as incompatibilidades entre eles, bem como as
múltiplas possibilidades que estavam abrindo-se a partir daquele rompimento. Com
muita polidez, tentei demonstrar como existiam diferenças fundamentais no modo
de levarem o cotidiano. Sem estabelecer juízos morais sobre ela, preocupei-me
em destacar as múltiplas dificuldades que a diferença de maturidades gerava.
Não que ele ou ela fossem muito mais maduros um que o outro. Porém, diversas
vezes, acontece das pessoas terem maturidades distintas entre si. E caso não
ocorra o encaixe complementar das maturidades, pode acarretar em
incompatibilidades de mundos.
Anos depois, com nossa amizade já
muito sólida, pelo grande acúmulo de maravilhosas experiências divididas
(alegrias e dificuldades), mudamos os papéis e foi ele quem me amparou. Muito
massa, que naqueles dias “cinzas”, ele ficou muito preocupado comigo, mesmo
estando cheio de afazeres e responsabilidades. Senti o cutuco da vida, tal como ele, pois as projeções divididas eram muitas. Sua longa fala foi
no mesmo horizonte da que eu tive com ele anos antes. Com muita categoria
me auxiliou na desconstrução que deveria ser feita. Deixando-me apenas com uma
interrogação: por que é tão delicado lidarmos com as nossas próprias projeções
de amor?
Jayme
C.
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