sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

medo, loucura & amô

MEDO DAS MULHERES QUE TÊM MEDO
Tem um tipo de mulher que eu prefiro não cruzar: as que têm medo e ato contínuo são loucas. Que têm medo de se entregar, de se jogar na felicidade porque vão perder um suposto controle. Aquelas que ganham amor e carinho e em troca te devolvem loucura. Não a loucura gostosa, meio Bossa Nova e Rock’n Roll e que não nos oferece riscos. Falo da insanidade de colocar o teórico na frente das práticas, as pré-visões antes da sensibilidade. Mulheres que fabricam problemas para terem uma desculpa para não investir no gostar. Escrevo desde um ponto de vista heterossexual, pois obviamente existem tantos homens quanto às mulheres nessa condição. Nesses casos, a relação vira um jogo jogado, perdido...
Uma das maiores merdas humanas é quando gostamos de alguém, mas não temos a maturidade de deixá-lo nos gostar. Há mais de 20 anos Herbert Viana já avisava – “saber amar é saber deixar alguém te amar”. E o ponto aqui não é dorzinha de cotovelo de quem foi rejeitado. Que, aliás, é super justo que aconteça, na medida em que inúmeras vezes os gostares não coincidem. Entretanto, quando dois sujeitos se gostam e não ficam juntos porque um dos dois enlouquece e não consegue se permitir a vivência afetiva, daí é foda! Acho que deveria existir algo como um “psicotécnico do amor”, prévio a qualquer sentimento nascente. Isto é, ao começar a gostar de alguém deveria ser feita uma avaliação para atestar a sanidade afetiva de cada um. Não dá para aguentar alguém que super entra na sua vida, passa a ter escova de dente em sua casa, te olha com paixão e devoção e, subitamente, um dia se acorda zangada por algo apenas imaginário.
Certa vez, uma garota veio me dizer que o fato de achá-la uma das mais interessantes que havia conhecido naqueles tempos, havia a desagradado. Algo como – “foi muita responsabilidade para mim”. Que esse era o motivo central dela ter pirado. Nesse ponto parece habitar uma característica constitutiva de quem se com-porta desse modo, a saber, a loucura imaginária/imaginada nunca é percebida pelo próprio louco, isto é, ele jura que as suas razões são reais. Aliás, o sentimento sempre implica em responsabilidade, ao passo que sabemos ser uma verdade da vida que a subjetividade implica e a objetividade explica. Portanto, se o Pequeno Príncipe tinha razão e de fato somos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos, fica a dica: cuide da sua loucura para não (inter)ferir (n)o seu amor.
Jayme C.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

amor & amizade

As lágrimas da amizade

No fim do ano de 2010, um episódio vivido com um amigo constituiu muito significado para nossa amizade. Ele chegou entristecido à minha antiga casa (Bombonera do jaymim), devido ao término de seu relacionamento. Naquele momento, ao me escolher para dividir as suas lágrimas e abrir o coração, percebi o quão importante eu era para ele. Nas amizades em geral, é um momento lindo quando sentimos a concretude do amor fraternal vindo do outro.

A sua tristeza era justa. Tratava-se de um sentimento que sempre repousa sobre os que gostam e se separam em algum momento. Naquela tarde/noite eu lhe disse que ele encontraria uma pessoa muito mais afinada com o mundo dele, e não deu outra. Sua atual namorada é uma mulher incrível e os dois formam um dos mais lindos e inteligentes casais que conheço. Entretanto, um chamamento à realidade foi feito, ao passo que após um momento de projeção/representação de amor, esse era o melhor horizonte para o meu querido amigo.

Minha principal preocupação com meu irmão era que ele desconstruísse a figura de sua ex. Que ele passasse a perceber as incompatibilidades entre eles, bem como as múltiplas possibilidades que estavam abrindo-se a partir daquele rompimento.  Com muita polidez, tentei demonstrar como existiam diferenças fundamentais no modo de levarem o cotidiano. Sem estabelecer juízos morais sobre ela, preocupei-me em destacar as múltiplas dificuldades que a diferença de maturidades gerava. Não que ele ou ela fossem muito mais maduros um que o outro. Porém, diversas vezes, acontece das pessoas terem maturidades distintas entre si. E caso não ocorra o encaixe complementar das maturidades, pode acarretar em incompatibilidades de mundos.

Anos depois, com nossa amizade já muito sólida, pelo grande acúmulo de maravilhosas experiências divididas (alegrias e dificuldades), mudamos os papéis e foi ele quem me amparou. Muito massa, que naqueles dias “cinzas”, ele ficou muito preocupado comigo, mesmo estando cheio de afazeres e responsabilidades. Senti o cutuco da vida, tal como elepois as projeções divididas eram muitas. Sua longa fala foi no mesmo horizonte da que eu tive com ele anos antes.  Com muita categoria me auxiliou na desconstrução que deveria ser feita. Deixando-me apenas com uma interrogação: por que é tão delicado lidarmos com as nossas próprias projeções de amor?

Jayme C.