terça-feira, 25 de março de 2014

20 e alguns...



Para “gatinha”
Garotas da geração de 20 anos.
O meu querido amigo Felipe Pimentel havia falado algo sobre: a maior facilidade em se relacionar com meninas da geração de 20 anos, em alguns casos, ante as interessantes trintonas nossas contemporâneas. Já faz uns dois anos que tive esse papo com o Pimenta. E agora a minha sensibilidade chegou à ideia que ele me trouxe. Existem algumas garotas que tem entre 20 e 20 e alguns anos, que saíram de casa com seus 17 para estudar, são responsáveis com as escolhas que fazem, tem a tranquilidade já de berço, e, sobretudo, são atinadas em ter a posse do próprio desejo. A velha consistência na leveza que tanto toca. E são jovens, logo, mais livres. Pimenta não deixou de observar em nosso papo de outrora que, por vezes, poderia ser mais fluída a relação com uma garota com menos vícios e traumas existenciais – talvez porque menos tristeza acumulada no coração. Eu, particularmente, quiçá pela feiura e pré-ocupação com o mínimo de fundamento no deboche, nunca tive muito acesso a essas garotas. Entretanto, elas existem. E pode ser fascinante dividir o cotidiano, por exemplo, com uma garota que muito embora jovem já desfrute de uma maturidade com conteúdo e sensibilidade lapidada. Que tenha força e determinação em sinergia com a doçura das descobertas da vida. Fica uma conjunção deliciosa – juventude com maturidade. Algumas dessas garotas conseguem curtir as experiências no horizonte eternidade descompromissada; isto é, viver com carinho algo que pelo desígnio natural da vida é finito. Acreditando menos em metafísicas da eternidade – como tanto nos acontece com o amor. Tudo acaba. Seja em uma noite, seja em uma relação de anos. Aliás, essa parece uma característica das garotas dessa geração. Um maior desapego frente a narrativas fundantes ultrapassadas, como a de que se deve ficar com uma única pessoa para sempre. Talvez aí uma importante conquista dos reclames feministas na prática de algumas de suas jovens representantes.      
Jayme C.

sexta-feira, 7 de março de 2014

psicodália

CORAÇÃO, CABEÇA & SEXO (crônica de um festival).
O encontro se deu em um festival de música. Shows maravilhosos marcaram aqueles dias. Tom Zé, Moraes Moreira, Yamandu Costa e outros garantiram a catarse coletiva. No tempo dos acontecimentos a diferença de idade entre eles chamou a atenção do rapaz. Nos seus 30 anos poucas jovens tinham dado bola para ele. Talvez pela sua feiura e “interessância” somadas. A primeira condição fazia com que não se interessassem por ele; a segunda, que não acompanhassem o seu raciocínio sagaz e debochado. Ela estava sentada em um bar chamado Saloon. Ele estava passando quando a olhou e imediatamente invadiu aquele semblante que lhe parecia familiar. Conspirando em favor deles a vida fez com que aparecesse uma cadeira quase colada a cadeira onde ela estava. Ele percebeu que esse era o momento de se aproximar. Sentou ao seu lado e assim conversaram. Nesse momento confirmou pelos traços do seu rosto que ela de fato era jovem. Pelo seu papo, entretanto, desvelou a sua maturidade precoce. Ele semeou inúmeros sorrisos nela. O sorriso da garota era deveras belo e encantador. Tentou um approach e recebeu uma negativa. Tentou novamente e cogitou a desistência. Como o festival estava no fim resolveu tentar novamente. Abriu seus sentimentos e mostrou a ela que havia poesia naquele movimento e não apenas pau duro. Ela não o beijou, mas o convidou para darem uma volta. Caminharam e trocaram afinidades. Tocaram-se interiormente. Quando estavam no meio do caminho entre as suas barracas, ele novamente tentou beijá-la. Ela se esquivou, mas com menos distância que das outras vezes. Ele disse: “desculpa se estou sendo chato e insistente, mas como não temos muito tempo estou bancando esse desejo; em outras circunstâncias agiria com menos ansiedade”. Ela sorriu demonstrando estar se cativando. Ele se aproximou e distribuiu inúmeros beijinhos em seu pescoço. Ela finalmente se entregou. Foram à barraca dele e se jogaram no dionisíaco. O sexo foi incrível. Trocaram elogios pela pegada existencial de cada um. Ficaram grudados o resto do tempo até a despedida. Aquilo que era receio da parte dela se transformou em um fulgurante carinho. Ela disse: “você também me parece familiar, mas parece muitas pessoas juntas e ao mesmo passo nenhuma delas; vou sentir saudades de você...”. Ele não a poupou de carinhos. Ela se sentiu venerada e feliz. Partiram cada um para a sua cidade carregando um ao outro no coração, cabeça e sexos.
Jayme C.psicodália